Um pequeno gesto
- pelegrincecilia
- 10 de mar. de 2022
- 4 min de leitura
Lc 16,1-13
Autoras: Cecília Pellegrini e Vera Pastrello
Cenário: No fundo do palco um painel de natureza. No centro do palco haverá tecidos marrom pelo chão e, embaixo deles, uma atriz vestida de Maceira, que já estará escondida. Deixar galhos embaixo do tecido para uso de outras sementes que surgirão até o final da peça teatral.
Personagens: Narradora, Vento, Nuvem, Sol, Sementes (crianças), Macieira (pessoa adulta).
NARRADORA: - Contam que, certa vez, no ponto mais alto de uma serra, em uma clareira em que só cresciam capins e cipós, de repente chegou, uma semente.
[Música entra a semente e fica agachadinha no centro do palco]
NARRADORA: - Como é que ela foi parar ali? Quem foi que a semeou? Vamos descobrir? [chama bem alto]: - Ventoooooooo!
[Som de vento.]
VENTO [entra em cena]: - Quem me chama, quem me chama?
NARRADORA: - Vento foi você quem trouxe a semente?
VENTO: - Não, não, não, não. Eu não fui! Mas eu já sei quem deve ter sido.
NARRADORA: - Sabe? Então diga logo!
VENTO: - Foi a minha irmã nuvem. Eu a vi agorinha mesmo no lado sudoeste. Vamos chamá-la bem alto [convida as crianças da plateia.]
TODOS: - Nuuuuuuvem, nuuuuvem.
[Música de rock.]
NUVEM [entra dançando]: - Pelas gotas de chuva, quem foi que me chamou? Eu estava numa tremenda festa nuvesca, dancei tanto, mas dancei tanto...
NARRADORA: - Desculpe Nuvem, mas preciso saber se foi você que semeou aquela semente?
NUVEM: - Não acredito, não acredito, não acredito. Eu lá, no meu rock, paquerando legal e você me chama pra isso? Não, não fui eu não. Mas o meu irmão Sol não foi na nossa festa, deve ter sido ele.
VENTO: - Então, crianças vamos chamá-lo rápido.
TODOS: - Sooooool, Sooooool.
[Som – entra o sol de óculos escuros]
SOL: - E aí galera, Ouvi um som legal. Soooolll sou euzinho aqui. O grandão, o fortão, o radiante Solzão.
NARRADORA: - Ah! Então só pode ter sido você quem semeou aquela semente!
SOL: - Eu me acho o máximo, mas não posso mentir, não é mesmo? Infelizmente não fui eu, mas bem que eu gostaria. Como ela é lindinha.
VENTO: - Se não fui eu, não foi a minha irmã nuvem, não foi o meu irmão sol, quem terá sido?
TODOS: - Quem terá sido?
NUVEM: - Desculpem-me, mas vou continuar dançando um rock maneiro na festa, tchauzinho.
SOL: - Irmãzinha, nos leve com você.
NUVEM: - Vamos, vocês vão adorar! [Os três saem animados.]
NARRADORA: - Ninguém que morava naquela serra sabia dar a resposta. Mas lá estava ela. E a sementinha dormiu seu longo sono, bem cobertinha por um punhado de terra. Mas, certo dia de manhã, ela mostrou para o mundo, devagarinho, a sua carinha verde de felicidade e foi crescendo, crescendo até se transformar em uma linda árvore, bem grande chamada Macieira [A sementinha fica deitada sobre o tecido marrom e quem aparecerá em cena será a macieira, segurando ramos secos nas mãos]. Mas com o tempo ela começou a ficar feia, seus galhos começaram a cair, ela parecia tão triste. O vento passando por ali e vendo toda aquela tristeza, perguntou a ela:
VENTO- Macieira por que você está assim tão triste?
MACIEIRA - É que estou muito sozinha. E esta solidão está dando formigamento em minhas raízes.
NARRADORA - E sabem por que ela estava se sentindo só? Porque uma árvore não sabe viver sozinha, ela precisa de outras árvores ao redor de si: para conversar, brincar, para enfrentar perigos, para compartilhar alegrias e para outras coisinhas mais. E o vento então, preocupado com aquela árvore, chamou os seus amigos o sol e a nuvem para conversarem. Crianças, precisamos ajudar a Macieira. Vamos chamar a nuvem e o Sol. Nuuuuuuvem, Soooollllll [entram os dois dançando juntos.]
VENTO: - Olá amigos, precisamos fazer alguma coisa para ajudar a Macieira!
SOL: - Tudo bem, contanto que eu não tenha que fazer muito esforço. Eu já trabalho muito.
NUVEM: - Não sei não, para eu ajudá-la, vou ter que me transformar, ficar grandona, cheiona de gotinhas e eu não tô a fim de mudar de forma não!
SOL: - Irmão Vento, você parece aquela senhora que conta história, quer saber de tudo, quer ajudar todo mundo. Vamos brincar nuvem?
NUVEM: - Vamos, vamos!
[O Sol e a Nuvem começam a brincar.]
VENTO: - Como vocês são preguiçosos e egoístas.
[Os dois fazem uma cara feia para o vento.]
VENTO: - Já que vocês não querem me ajudar eu vou tentar fazer alguma coisa so-zi-nho [sai bravo.]
SOL [para de brincar]: - Não quero mais brincar, tô chateado, tô ardidão.
NUVEM [toda agitada]: - Ei, amarelô é, só porque eu tava ganhando?
SOL: - Não é isso, é que to me sentindo mal com o que o vento disse.
NUVEM: - Você acha que devemos ajudar a Macieira também?
SOL: - Será que ainda dá tempo?
NUVEM: - Mas é lógico que dá, o tempo é nosso amigo.
SOL: - Então vamos lá.
[A nuvem sai correndo e o Sol se aproxima da árvore ficando atrás dela.]
NARRADORA: - Crianças, vejam só que coisa maravilhosa. De regiões bem distantes, que ficavam além daquela serra, o vento trouxe sementes e as plantou.
[Música - entra o vento trazendo as sementes e as coloca espalhadas.]
NARRADORA: - Vocês pensam que a dona nuvem foi dançar novamente? Não, não! Ela trouxe uma chuva suave e miudinha. Que lindo! Os brotos verdes logo apareceram. [Entra a Nuvem e espalha os papéis picadinhos em cima das sementes. As crianças-sementes pegam os galhos embaixo do tecido marrom e fingem se transformar em árvores.]
NARRADORA: - E o sol os fez crescer com o mais caloroso de seus afagos [O Sol passa a mão na cabeça das plantas e elas vão se erguendo. Depois o Sol fica com os seus braços abertos, perto das plantas.]
NARRADORA: -- E naquela região solitária da serra, em que só cresciam capins e cipós, começou a surgir ao redor daquela macieira, um verdadeiro bosque com muitas árvores. E fortes e unidas, todas estas árvores enfeitaram o azul do céu.
TODOS: Basta uma pequena ação
Um gesto de doação
Para alegrar o irmão.




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