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Pão puro

Atualizado: 15 de out. de 2020

Mt 5,1-12a 

Autoras: Cecília e Rafaella Pellegrini 


Certo dia, na lanchonete da padaria da dona Maria, um Pão estava num cantinho quando um Sanduiche mega recheado chegou cantando, todo animado: - “Comer, comer, comer, comer. É o melhor para poder crescer...”

De repente, o Sanduiche viu algumas crianças sentadas numa das mesas da lanchonete e puxou papo: Olá criançada! Estão com fome? Querem um sanduíche? 

A Alface que estava toda fresquinha dentro do Sanduba foi logo se oferecendo: - Eu sou muito nutritiva e não engordo, viu!?

O Sanduiche não deixou por menos e foi logo dizendo: - É claro que você é nutritiva lindinha. Nós formamos o sanduíche mais gostoso que existe.

O Pão levantou-se, todo feliz e tentou fazer amizade: - Quem quer Pão? Oi amigos, tudo bem?

Mas o Sanduba, todo metido fingiu que não via ninguém e cochichou para as crianças: - Vocês viram, esse Pão amanhecido querendo puxar papo? Vou fingir que não ouvi. 

E virou-se de costas e começou a assobiar para disfarçar. O Pão foi bem perto e tocou no Sanduiche.

A Alface deu um grito: - Vai contaminar!

O Sanduiche deu um salto e ficou longe do Pão.

O Pão ficou triste, abaixou a cabeça e disse: - Tá, entendi tudo, vocês não gostam de fazer amigos, não é?

Ao longe, a Alface retrucou: - De amigos nós gostamos, só não queremos nos misturar com esse tipo de Pão.

Muito satisfeito com a resposta da amiga, o Sanduiche logo estabeleceu a regra para o Pão: - Falou e disse Alfacinha. Dá para você ficar no seu cantinho? Eu não quero ser visto com um Pão duro e feio feito você.

A rapper Maionese chegou cantando: - Sou amarelinha, bem pastosinha, deixo a comida, bem gostosinha...

O Sanduba ficou todo feliz ao vê-la: - Oi Maionese!

- E aí Sanduba, vai um temperinho saboroso? A amiga perguntou.

Mas a Alface foi logo respondendo: - Ah! Não, não, você vai me engordurar toda.  Esse lanche é supernatural. 

A Maionese não gostou: - Nossa, você não sabe apreciar as coisas boas da culinária.

O Sanduba informou: - Maionese, querida, será que você não percebe que somos super saborosos pelos nossos próprios ingredientes? 

- Sei, você é o tipo de lanche que se acha o melhor, o mais saboroso do pedaço, é isso? Quis saber a amiga, que estava muito chateada.

Com um ar de superioridade, o Sanduiche começou a dar uma verdadeira aula: - Todo mundo aqui já sabe o quanto somos nutritivos. O melhor lanche é pouco querido. Tenho certeza de que as crianças querem sanduíche no café da manhã, sanduíche no almoço, sanduíche à tarde, sanduíche no jantar.

Ao ouvir tamanha afronta, o Pão tentou alertar as crianças: - Só que vocês, crianças, não podem ficar comendo só lanches, ouviram!? Precisam comer outras coisas também, como: arroz, feijão, salada...

O Sanduba deu um empurrão no Pão e esbravejou: - Sai prá lá, Pão velho amanhecido. Fica bem longe de mim. Ooooo Maionese veja ali, aquele Pão duro, aquele Pão velho. Ele sim precisa de ajuda.

Mas a Maionese deixou claro a sua opinião: - Euuuuuuuuu? Com aquele ali? Eu não vou me misturar. Pela cara parece até um Pão meio embolorado!  Tô fora. Eu sou chique, meu bem.

Nisso entrou o Catchup correndo e foi logo anunciando: - Pães, torradas, biscoitos e até panetones, todos estão convidados para a festa do Arnô Escargô.

Todos ficaram radiantes: - Festa do Arnô Escargô? Viva!

A alegria foi tanta que os amigos se abraçaram e claro, o Pão veio se juntar.

Mas a Alface gritou: - Vai contaminaaaaaaarrrrrrr!

E o Sanduiche e a Maionese empurraram o Pão, dizendo: - Sai pra lá...

O Catchup foi socorrer o Pão: - Mas o que é isso? Não se trata um Pão assim.

O Sanduba repreendeu: - Qualé Catchup, bem se vê que você não é do tipo apimentado. Deixa esse amanhecido aí. Vamos falar da festa do Arnô Escargô. Oooooo Maionese, você conhece o Arnô? 

A Maionese se empinou toda para responder: - Claro né, o grande chef de cuisine Arnô Escargô é meu amigo íntimo.

- Não diga! Exclamou o amigo.

E ela continuou a falar, quase não se cabendo dentro do seu orgulho: - Digo sim, Sanduba. Ele me usa o tempo todo: coloca Maionese nos pratos de entrada, nos pratos principais. É porque eu não deixo, senão ele colocaria Maionese até na sobremesa.

A Alface quis abaixar a esnobação: - Aí já é demais, né! Que mentiroooooosa.

Mas o Sanduiche tapou a boca da Alface, com a mão, pois achou que ela exagerou na fala...

O Catchup, com muito carinho explicou: - É verdade sim, o Arnô Escargô encontra mil qualidades em todos nós. Ele diz que todos nós somos dotados de muitos talentos. Mas Maionese, está me estranhando o fato da senhora ser tão amiga do grande Arnô e mesmo assim tratar o Pão de maneira tão discriminatória.

Ela se fez de desentendida: - Não estou entendendo aonde você quer chegar.

E o Catchup continuou: - O Arnô ensina a união, um ajudando o outro, repartindo... Todos vivendo em harmonia. Esta festa é para todos, incluindo o nosso amigo Pão.

E foi buscar o Pão e colocou-o perto de todos.

Mas o Sanduba, repelindo-o, falou: - O quê? Misturar sanduíches com simples pães sem recheio? Lá estarão sanduíches de peito de peru, de patê de salmão, de salame vindo da Itália, de ricota...

A Maionese contou: - Ouvi dizer que vem até tábua de frios da Sibéria.

O Catchup, como um verdadeiro professor explicou: - Isso mesmo. São pães e ingredientes vindos do mundo inteiro. Os croissants e baguetes da França, broas de Portugal, Pão de forma dos Estados Unidos, de batata da Alemanha...

- Todos chiquérrimos, querido. Têm também os doces, as tortas, os mousses... Todos de origem fina. Complementou a Maionese, demonstrando que também sabia das coisas. 

O Catchup, mostrando o Pão, falou: - E o nosso amigo aqui irá também.

Mas o Sanduba, a Alface e a Maionese começaram a brigar, repelindo o Pão: - Esse Pão duro, amanhecido, velho, embolorado... nem pensar.

Com muita calma e carinho, o Pão perguntou: - Por que não podemos viver todos juntos, em harmonia? Eu gosto de vocês.

Mas os dois continuaram repelindo o pobre Pão: - Que audácia!

Vendo a cena, o Catchup abraçou o Pão e explicou: - Pois é exatamente isso que o Arnô Escargô quer. Ele quer todos os pães, bolos, tortas bem juntinhos em sua festa.  Ele sempre propõe uma divisão de ingredientes mais justa.

O Pão ficou muito feliz ao saber da notícia: - Vai haver divisão de ingredientes também?

- Claro meu amigo! Respondeu o Catchup.

O Pão já ficou sonhando com um futuro melhor: - Uma esquentadinha no micro-ondas e uma mortadela como recheio e ficarei novo novamente.

Ouviu-se uma gargalhada do Sanduba, da Alface e da Maionese e eles começaram a brigar novamente, mas o Pão manteve-se calmo:  - Uma esquentadinha, uma mortadela. Essa é demais! Se enxerga Pão velho, embolorado!

O Catchup interviu: - Parem com isso. Me diga, Sanduiche, qual a sua origem? 

- Eu sou um Pão Francês. Respondeu prontamente e com todo orgulho.

- E você Pão?

- Eu sou um Pão Francês. Respondeu humildemente o Pão.

Os três: Sanduiche, Alface e a Maionese ficaram admirados e surpresos: - O quê?

E o Catchup fez mais uma pergunta: - Sanduiche e Pão, me respondam ao mesmo tempo. Quantos gramas vocês têm?

- 50 gramas. Responderam em uníssono.

A Maionese e a Alface estavam chocadas: - Não é possível!

O Catchup continuou sua fala:  - A única coisa que os diferencia é que no sanduíche há ingredientes de recheio.

A amiga Maionese foi até o Sanduiche e confidenciou: - Você é da família dele, San. Vocês são iguais!

O Sanduba observou bem o Pão, o mediu de cima até embaixo: - Nossa, somos bem parecidos mesmo. O que você acha disso Alface?

A Alface concluiu: - Até que olhando assim, de pertinho, ele é bem simpático. 

Depois de muito pensar e refletir sobre tudo o que ouviu, o Sanduiche revelou: - Às vezes eu me esqueço que nasci também um pão puro, pra virar Sanduiche foi só com o tempo. Primeiro veio um molhinho aqui, depois um presuntinho ali, um pouco de tomate e acabei virando este sanduichão.

O Catchup complementou: - É. Não podemos nos esquecer que cada um tem o seu valor, suas qualidades e se juntarmos com as dos outros, aí tudo fica mais gostoso.

O Pão também fez uma revelação: - Minha missão é saciar a fome dos humanos. Eu sou muito feliz!

O Catchup respondeu: - A sua felicidade consiste em fazer sempre o bem! Você não é de brigar, você é justo, ajuda a todos. Você é um Pão puro de coração!

E o Pão contou: - Aprendi a ser assim ouvindo tudo o que o nosso Grande Chefe de Cozinha, Arnô Escargô, sempre ensinou.

- Realmente, as palavras dele são o anúncio da Felicidade. Se queres ser feliz, ouça o que o Arnô nos diz! Bradou o Catchup.

A Alface, o Sanduiche e a Maionese disseram: - Eu quero ser feliz, eu quero ser feliz!

E o Catchup ensinou o caminho a seguir: - Então, vamos todos juntos ouvir e praticar o que o Arnô Escargô tem a nos ensinar. Porque será grande a nossa recompensa.

Com muita alegria todos gritaram: - Ser feliz é o que a gente sempre quis!

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