Porta do céu
- pelegrincecilia
- 10 de mar. de 2022
- 5 min de leitura
Lc 13, 22-30
Autoras: Vera Pastrello e Cecília Pellegrini
Cenário: Um portal do céu, bexigas dentro do salão do céu e um aparelho de som num canto.
Personagens: Canarita, Azulinha, Porteiro, Gaivina, Gaivita.
CANARITA e AZULINHA [entram em cena cantando]: - é hoje, é hoje a festa no céu.
CANARITA: - Finalmente chegou o dia tão esperado, o dia da festa no céu.
AZULINHA: - É mesmo, vai ser o máximo encontrar todas aves da Mata Chapadão lá na festa.
CANARITA: - Com mil penas, que plumagem linda, você caprichou heim, Azulinha!
AZULINHA: - Lógico, não é todo dia que se recebe um convite para a festa no céu, né Canarita.
CANARITA: - É verdade, mas devemos alçar voo logo senão chegaremos atrasadas.
AZULINHA: - Canarita você tem certeza que vamos acertar o caminho para o céu?
CANARITA: - Claro, já tracei nosso plano de vôo. Tá tudo aqui ó [aponta para a cabeça] vamos simbora [abrem os braços e fingem voar.]
AZULINHA: - Ufa, até que enfim chegamos, olha a porta do céu!
CANARITA: - Você trouxe o passaporte do bem, né?
AZULINHA: - Já tá aqui na minha asa.
PORTEIRO [está parado na frente da porta do céu]: - Por essa porta estreita passar / E nesta festa entrar / O passaporte deve mostrar. Se ele estiver brilhante / Pode dar um passo adiante / Se ele estiver apagado / Volte pra casa, seu malvado.
[As aves tiram os passaportes e mostram ao porteiro.]
CANARITA e AZULINHA: - Passaportes do bem só entra quem tem.
PORTEIRO: - Muito bem, nunca vi passaportes tão brilhantes. Nosso Senhor vai ficar muito feliz, podem entrar que daqui a pouco a festa vai começar.
AZULINHA: - Nossa como tudo aqui é bonito.
CANARITA: - Será que aqui tem hambúrguer de minhoca?
AZULINHA: - Eu prefiro brigadeiro de alpiste. Hum, que delícia.
[Neste instante chegam mais duas aves respirando como se estivessem muito cansadas.]
GAIVINA: - Estamos atrasadas, ta vendo só no que deu a gente ficar paquerando pelo caminho. A festa deve ter começado.
GAIVITA: - Gaivina, mas aqui não é a festa? Onde já se viu o céu ter uma porta tão estreita assim para entrar!
GAIVINA: - Ué, mas só tem essa. Olhe só o porteiro [se dirigindo ao porteiro] - Oi seu porteiro do céu, tudo bem? Eu e a minha amiga podemos entrar? Nós perdemos o primeiro voo.
PORTEIRO: - Por essa porta estreita passar / E nesta festa entrar / o passaporte deve mostrar. Se ele estiver brilhante / Pode dar um passo adiante / Se ele estiver apagado / Volte pra casa, seu malvado.
GAIVITA [cochichando para a Gaivina]: - Mas que passaporte é esse que ele está falando?
GAIVINA: - Sei lá, só sei que vou jogar aquele charme da avezinha desprotegida. Deixa comigo: Seu porteirinho bonitinho, eu preciso entrar, aqui está tão frio, tão triste... [começa a chorar.]
GAIVITA: - Seu porteiro, dá um jeitinho para entrarmos, você não tem pena de nós?
[O porteiro fica na pose clássica de guardião.]
GAIVINA [pega na roupa do porteiro e começa a gritar]: - Eu quero entrar, eu quero entrar.
GAIVITA: - Eu também quero, eu também quero.
[As duas aves que já estão dentro do céu vão até a porta.]
CANARITA: - O que está acontecendo seu porteiro?
PORTEIRO: - Elas não têm passaporte do bem. AZULINHA: - Como? Todas as aves quando saem da casca do ovo recebem um passaporte brilhante.
GAIVITA e GAIVINA: - Passaporte brilhante?
AZULINHA: - É um passaporte igual a esse aqui.
[Canarita e Azulinha mostram o passaporte brilhante delas.]
GAIVINA: - Ah, vocês estão falando disso aqui? [tira um cartão sem cor.]
GAIVITA: - Mas que discriminação, porque o nosso é apagado e o de vocês é tão brilhante?
CANARITA: - Porque ele é o passaporte do bem, quanto mais boas ações você fizer mais brilhante ele fica.
GAIVITA: - Como assim, boas ações?
GAIVINA: - Ai que metidas... Que esnobes ....
AZULINHA: - Queridinhas, vamos explicar: cada vez que você obedece aos seus pais,
CANARITA: - Ajuda a mamãe a limpar o ninho.
AZULINHA: - Deixa o irmão brincar com seu brinquedo
CANARITA: Ajuda o coleguinha que está em dificuldades...
GAIVITA: Cada vez que você faz uma coisa boboca dessas, você quer dizer né?
AZULINHA: - Claro que não! Veja, até os filhotinhos já fazem boas ações. [Incentivar as crianças da plateia a dizerem o que fazem de bom.]
GAIVINA: - Ih, quer dizer que para o passaporte ficar brilhante tem quer ser palhaço dos outros é?
AZULINHA: - Não, cada vez que você faz algo de bom, igual a Jesus.
GAIVITA: - Verdade?
PORTEIRO: - Vamos deixar de pios aqui na porta do céu, porque a festa já vai começar.
CANARITA e AZULINHA: - OBA.
GAIVITA: - Acho que vou dar uma espiadela para aprender a fazer o bem como elas. Vou ficar aqui.
GAIVINA: - Assim que se fala, Gaivita. Não vamos sair dessa porta. Vamos ficar aqui e uma vacilada do porteiro, zupt, entramos de fininho.
[As duas ficam no canto espiando.]
CANARITA: - DJ solta o som para a festa começar.
[Música - “meu pintinho amarelinho”. As duas começam a dançar. De repente um som estranho.]
AZULINHA e CANARITA: - Ah, o que aconteceu?
PORTEIRO: - Deu curto circuito no nosso som. E o pior, é que o nosso eletricista está de férias.
CANARITA: - Até no céu acontece imprevistos.
AZULINHA: - Ah, que pena! Festa sem música não tem graça.
[As duas ficam com uma cara bem desolada.]
GAIVINA: - Olha só, a animação mixou! Sem som não tem mais festa. Bem feito pra eles.
GAIVITA: - Que pena né, parecia que eles estavam se divertindo tanto.
GAIVINA: - O quê, com tantas penas que você tem ainda tá com pena deles?
GAIVITA: - Bem que nós poderíamos tentar consertar, né? Não dizem que nós somos os melhores consertadores da mata do Chapadão?
GAIVINA: - Trabalhar de graça pra elas se divertirem? Você ficou louca. E depois eu estou com uma preguiça danada.
GAIVITA: - Essa é a nossa chance de fazer algo de bom. Já estou cansada de só praticar maldades [vai até o porteiro]: - Ei senhor porteiro, o senhor não quer que eu tente consertar o som?
PORTEIRO: - Você?...Bem não custa nada tentar. Mas não tente me enganar, pois não vou deixar você ficar na festa.
GAIVINA: - Que traidora. Tomara que não de certo o conserto.
[Gaivina fica tentando consertar enquanto as outras aves ficam torcendo pra que dê certo. De repente a música volta [só a melodia.].
TODOS: - Oba! Oba!
GAIVITA: - Bem agora a festa pode continuar, tchau.
CANARITA: - Seu porteiro deixe-a ficar, ela foi tão legal.
AZULINHA: - Ela praticou o bem.
PORTEIRO: - A regra é clara: sem passaporte do bem não pode ficar.
GAIVITA: - Não se preocupem, eu vou mudar e praticar boas ações, assim quem sabe um dia também possa entrar na festa né? Tchau.Vou procurar minha companheira.
GAIVINA: - Ah, não falei que era perda de tempo? Mesmo você ajudando, aquelas aves empinadas não deixaram você ficar. Bem feito!
GAIVITA: - Não seja maldosa assim, eu não merecia ficar foi só isso.
GAIVINA [imitando a Gaivita]: - Eu não merecia ficar. Você tá ficando muito chata isso sim.
GAIVITA [de repente começa a coçar no lugar onde está o passaporte]: - Mas o que está acontecendo? [nesse instante ela tira o cartão do bolso]: - Olhe só [mostrando pra plateia], o meu passaporte ficou brilhante. Agora eu também posso passar pela porta estreita e na festa entrar.
GAIVINA: - Deixa eu ver se o meu também ficou brilhante [tira o cartão e faz uma cara de chateada.]
GAIVITA: - Que pena Gaivina, você não poder entrar.
PORTEIRO: - Você vai continuar com seu cartão desbotado?
GAIVINA: - Sim, se eu posso escolher, do bem não quero ser. Vou continuar com meu lado mau e pra vocês tchau, tchau [sai de cena.]
PORTEIRO: - Pela porta estreita passa quem quer. Chance todos têm...
TODOS: - Basta praticar o bem! Tchau!




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