Os sentimentos na família
- pelegrincecilia
- 10 de mar. de 2022
- 7 min de leitura
Lc 1, 39-56
Autoras: Vera Pastrello e Cecília Pellegrini
Cenário: Uma sala de estar conjugada com uma cozinha.
Personagens: Pai, mãe, dois filhos, avó e 6 sentimentos: Amor, Alegria, Sabedoria, Perdão, Raivina e Invejética.
[Em cena o pai e a mãe sentados no sofá tomando cafezinho, no chão um menino e uma menina brincando no tapete, na frente dos pais. Atrás do sofá haverá 3 atores: no centro o Amor e em cada lado a Alegria e a Sabedoria.]
Voz em off: - Era uma vez uma família que vivia cercada de muito amor, alegria e sabedoria.
[Música – os 3 sentimentos dançam ao redor da família e depois ficarão no fundo do palco, ao centro – cena congelada.]
PAI: - Eu me sinto tão bem quando estou assim, juntinho de vocês, que não tenho vontade de sair. Mas está na hora de ir para o trabalho. Fiquem com Deus [Ele dá um beijo na esposa e as crianças levantam-se e despedem-se do pai com um beijo.]
FILHOS: - Tchau papai!
MÃE: - Meus filhos, eu preciso ir entregar essa costura para a dona Ângela e a pia está cheia de louça para lavar.
FILHO: - Pode deixar com a gente, mãe, um lava e o outro enxuga.
FILHA: - Isso mesmo mamãe, nós vamos fazer rapidinho e depois a gente pode voltar logo a brincar juntos.
[Os dois vão até a cozinha e fingirão que estão lavando e enxugando as louças.]
MÃE [vê a cena, olha para o alto e diz]: - Obrigado Senhor pela vida que eu tenho. Você me deu um marido amoroso e dois filhos maravilhosos. [vai até as crianças]: - Bom, agora preciso sair. Tchau crianças [sai com uma sacola.]
[O Amor, a Alegria e a Sabedoria ficam rindo, fazendo gestos de vitória.]
[Na plateia está sentada a Raivina. Quando ela começa a falar, os dois irmãos e os outros sentimentos congelarão a cena.]
RAIVINA [levantando da poltrona]:- Hoje eu acordei de mau humor, estou louquinha para acabar com a alegria, e o amor daquela casa. Há-há-há [vai caminhando até o corredor central [de maneira grosseira, fingindo pisar no pé de um, cair por cima de outro. Para e chama]: - Invejéticaaaaaaaa. Onde será que foi parar a minha companheira? Aquela frenética!
INVEJÉTICA [entra correndo]: - Calma Raivina, eu sou uma só, né, e eu estou sendo tão solicitada. Estou esparramando tanta inveja por aí.
RAIVINA: - Não precisa ficar se gabando, porque você não ganha de mim não, tá?
INVEJÉTICA: - Mas então porque você me chamou?
RAIVINA [tira um binóculo e dá para a Invejética olhar]: - Olhe só aquela casa ali, veja só como o Amor e a Alegria tomaram conta da família toda.
INVEJÉTICA: [olha com o binóculo]: - Ai que inveja! E a sabedoria está coladinha nelas!
RAIVINA: - Eu estou com tanta raiva disso que vou dar um jeito de acabar com essa união toda, e você vai me ajudar.
INVEJÉTICA [risos]: - É pra já. Mas como vamos fazer para entrar lá. O amor não vai deixar.
RAIVINA: - Amor, amor, eca ... Aquele intrometido. Ele sempre dá um jeito de transformar as coisas, mas eu tenho um plano [cochicha algo no ouvido da Invejética.]
INVEJÉTICA: - É isso aí, vamos começar o nosso ataque pelas crianças. Vou fazer um irmão ter inveja e ciúmes do outro.
RAIVINA: - E eu vou fazer com que eles tenham muita raiva um do outro, assim o amor vai acabar.
INVEJÉTICA: - E a besta da alegria e o bobão da sabedoria não vão aguentar e vão desaparecer.
[As duas riem bem alto balançando os chocalhos de caveira que trazem nas mãos e então entram na casa.]
[As duas crianças que estavam trabalhando começam a brigar.]
FILHO [finge abrir o armário e pega um copo bem diferente]: - Sempre que eu venho guardar as louças, fico olhando para esse copo. Eu acho lindo!
FILHA: - Espera aí, largue já este copo. Ele é meu, foi a mamãe que me deu.
FILHO: - Ah é, ela deu um copo para você e não deu um para mim? pois agora eu vou quebrar [joga no chão e sai correndo até a sala.]
FILHA: - Volta aqui, seu idiota, seu imbecil, seu estúpido [vai por cima do irmão como se estivesse dando soco nele – a cena paralisa.]
[A raiva e a inveja começam a vibrar enquanto a alegria começa a chorar e o amor fica cabisbaixo.]
SABEDORIA: - Amor reaja, não deixe que a raiva e a inveja tomem conta dessa casa.
AMOR: - Já sei o que vou fazer [ergue as duas mãos como se estivesse invocando alguém.]
VOVÓ [ainda fora do palco]: - Cadê os meus netinhos? [A alegria e a sabedoria começam a dar pulinhos de felicidade, mas a raiva e a inveja ficam em estado de alerta. Depois todos os sentimentos ficam paralisados.] VOVÓ: - Mas o que está acontecendo aqui?
FILHA: - Não sei o que deu nesse aí, de repente ele ficou com inveja de mim.
FILHO: - E essa chata então, ficou com uma raiva de mim só porque eu peguei a porcaria de um copo dela.
VOVÓ: - Estou vendo que vocês deixaram a raiva e a inveja entrar de mãos dadas dentro do coração de vocês.
FILHO: - Foi ela quem começou [apontando para a irmã.]
FILHA: - Ah é, não vem dar um de santinho, não ta? [fazendo gesto de ir em cima do irmão.]
VOVÓ: - Pelo jeito vocês querem espantar o amor, não é?
MÃE [entra em cena]: - Oi Mãe, que bom que você veio nos ver. Eu já estava com saudades [dá um beijo nela.]
FILHA [fala agressiva]: - Sem essa mãe, a vó mora aí do lado.
MÃE: - meus filhos, aconteceu algo enquanto estive fora?
FILHA: - Aconteceu sim, esse chato nasceu e veio infernizar a minha vida.
[A mãe e a avó se olham sem entender nada enquanto isso a raiva e a inveja estão vibrando, dando gargalhadas e agitando os seus chocalhos.]
VOVÓ: - Sabe filha, eu estava fazendo o meu crochê lá em casa, de repente senti um aperto no peito, corri aqui e vi essas crianças se atarracando.
MÃE [nervosa começa a gritar]: - Vão já pro quarto de castigo, não quero ver a cara de vocês tão cedo. Que vida, que inferno, que família!
FILHA: - Mãe, você nunca falou assim com a gente antes.
MÃE: - Também nunca senti tanta raiva de vocês antes. Saiam daqui, antes que eu dê uma surra nos dois. Vamos, vamos... [crianças saem pisando duro, com muita raiva.]
[A Raivina e a Invejética dão gargalhada e balançam o chocalho de caveira.]
VOVÓ: - Filha, não fique assim, raiva só atrai mais raiva. Vamos na cozinha fazer um chá. [vão para a cozinha e congelam a cena.]
[A Raivina e a Invejética vem para o centro do palco, vibrando muito.]
RAIVINA: - Há-há, veja só Invejética, conseguimos o que queríamos, olha só para o amor, todo encurvado lá no cantinho. Ui, ui ...
INVEJETICA [bocejando]: - Hum, hum, estou vendo. Agora que o lugar é nosso, que tal uma cochilada?
RAIVINA [bocejando também]: - Depois de tanto trabalho, merecemos um descanso. Está me dando uma preguiça... [as duas bocejam exageradamente]. Mas vamos cochilar só um pouquinho, heim. [As duas ficam mais ao fundo do palco, em pé, uma escorada na outra e congelam a cena.]
[O amor vem para o centro, todo cambaleando, sendo apoiado pela alegria e sabedoria.]
AMOR: - Nossa, estou muito mal. Mas coitadinhas da Raivina e da Invejética, estão tão carentes que querem tomar conta dessa casa.
ALEGRIA: - Elas passaram a rasteira em nós e você ainda tem dó delas?
SABEDORIA: - Sabe, Alegria, a Raivina e a Invejética são sentimentos como nós.
ALEGRIA: - Como nós, não. Elas só querem destruir.
AMOR: - É verdade, mas elas existem. Só não podemos deixar que elas tomem conta do coração dos humanos. Eles precisam entender que se eles deixarem que elas fiquem fortes, a vida deles será triste.
SABEDORIA: - Eu tenho uma ideia [cochicha no ouvido das outras duas.]
AMOR: - Decisão sábia essa sua. Deixe comigo [pega o celular e liga] - Alô, Perdão, como vai? Há quanto tempo... Estou com saudades de você. Eu estou bem, mas muito preocupado. A situação nessa casa não está boa. A Raivina e a Invejética já soltaram seus venenos por aqui. Você vem? Que ótimo! O endereço é rua da felicidade, nr.100, vila Carinho de família.
ALEGRIA: - Ai, que legal, ele vem prá cá! O perdão virá! [fala cantando.]
SABEDORIA: - Fala baixo, senão aquelas duas que estão cochilando acordam e aí vão desconfiar.
AMOR: - O Perdão disse, que dentro de instantes estará aqui. Ele ficou preocupadíssimo!
ALEGRIA: - Ele é bonito?
SABEDORIA: - Ele é MARAVILHOSO! Tão pequenino, mas quem está sempre com ele, também está sempre comigo, e contigo, e contigo.
ALEGRIA: - Ah! não entendi.
SABEDORIA: - É simples, quem perdoa, é porque sabe amar e depois que perdoa sente uma grande alegria em seu coração.
[Começa a tocar uma música instrumental calma. Entra uma criança (perdão) dançando pelo corredor central, vai até a mãe, que está congelada e a envolve num abraço. O amor, a alegria e a sabedoria levantarão a criança, depois o perdão sairá de cena pelo mesmo lado por onde os filhos saíram anteriormente.]
MÃE [tomando chá com a avó]: - Mãe, estou me sentindo tão mal em ter brigado com as crianças. Você tem razão, as vezes por tão pouco, a gente se descontrola [ela chama]: - Felipe, Marina, venham aqui [eles entram com o perdão] - A mamãe quer pedir perdão por ter brigado com vocês.
FILHA: - Eu é que fui muito egoísta com o Felipe.
FILHO: - Eu também não devia ter quebrado o seu copo, eu tive muita inveja [os 3 se abraçam.]
VOVO: - Que cena linda, assim é que deve ser [junta-se no abraço.]
MÃE: - Que bom que tudo voltou ao normal [congelam a cena.]
RAIVINA e INVEJÉTICA [começam a gemer]: - Ai, ai, ui, ui.
RAIVINA: - Esse amor sempre tem um truque escondido nas mangas, ai que raiva.
INVEJÉTIVA: - Vamos logo embora daqui antes que elas nos encham de amor e alegria. Vamos! [As 2 saem pelo corredor central chacoalhando bem alto os chocalhos de caveira.]
[Os 4 sentimentos, enquanto a família fala farão gestos iguais.]
PAI [entra em cena]: - Ora, ora, eu saio para trabalhar e deixo minha família toda unida, eu retorno e ela permanece unida.
FAMÍLIA [recita o versinho:]
A grande sabedoria
É viver com alegria
Com gestos de perdão,
Levando amor no coração
SENTIMENTOS [Os 4 vem pra frente e falam o versinho:]
Mas, prestem muita atenção.
Se você vacilar...
RAIVINA e INVEJÉTICA [voltam e falam a frase]: - A briga vai começar!
FAMÍLIA [fala o versinho]:
Vamos ficar juntinhos
Unidos com carinho
Para a briga afastar
TODOS - E o amor Reinar!




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