Os 7 anões e suas religiões

Mc 16,15-20

Autora: Cecília Pellegrini (utilização de personagens de conto popular)

Certa vez Branca de Neve e a sua filha Branquinha foram à floresta visitar os sete anões e encontraram tudo diferente.

Branca disse à sua filhinha: - Nossa, que bagunça na casa dos meus amigos 7 anões! Eu fiz tanta propaganda dizendo que chegaria hoje: coloquei no jornal, anunciei na TV, mandei e-mail, coloquei no FaceBook e passei um “zap”. O que será que aconteceu?

Ela chamou alto pela filha, pois percebeu que a mesma não estava ao seu lado: - Branquinha!

Branquinha entrou na casa, correndo: - Oi mamãe, eu estava brincando com os bichinhos da floresta!

- Filhinha, depois você brinca, agora veja só como tudo está bagunçado. Parece que os anões estão fora há meses.

Então, Branquinha propôs: - Vamos arrumar?

A mãe concordou e juntas começaram a limpar e organizar tudo.

O primeiro anão a chegar foi o Mestre e, de início, ficou preocupado ao notar a porta aberta, mas quando viu as visitas, exclamou feliz: - Branca de Neve! Branquinha!

Depois do longo abraço Branca de Neve falou: - Fiquei preocupada ao chegar, não encontrar nenhum de vocês e ainda ver as coisas fora do lugar.

O Mestre, então, contou a situação: - Tudo mudou Branca de Neve, agora cada um seguiu o seu caminho.

Sem parar de espanar os móveis, Branca disse: - O quê? Vocês sempre foram tão unidos!

Nesse momento, chegou o Atchim espirrando e Branca ao vê-lo foi abraçá-lo: - Atchim, meu amigo! A poeira está piorando seus espirros. Vou parar.

- Que bom te ver Branca de Neve. E você trouxe a Branquinha. Disse em meio aos espirros consecutivos.

Zangado, Soneca, Dengoso e Dunga entraram discutindo, falando ao mesmo tempo: - A minha religião é a melhor.

Branca exclama: - Amigos!

E eles correm abraçar a mãe e a filha. Mas, logo em seguida, cada anão ficou distante um do outro, demonstrando nitidamente que estavam brigados.

Branca de Neve falou: - Espera aí, estou sentindo algo estranho no ar. Por acaso vocês estão brigados?

- Eu falei que tudo mudou. Explicou Mestre.

E a amiga quis saber: - Mas vocês são todos irmãos e sempre foram unidos. O que está acontecendo? Por que a casa está abandonada?

Agora foi a vez de o Zangado explicar: - Porque agora nós não trabalhamos mais na mina de pedras preciosas.

- Não? Mas por quê? Questionou Branca de Neve.

E com todo dengo o Dengoso respondeu: - Porque cada um entrou para uma religião diferente e estamos rodando o mundo inteiro para levar nossa religião, anunciando a Palavra.

- Que maravilhoso! Vocês estão levando a Palavra à toda criatura. A amiga exclamou.

Depois de um longo bocejo Soneca falou com convicção: - Mas a minha religião é a melhor!

Os outros anões ficaram bravos e começaram a gritar: Claro que não! A minha que é...

E assim começou mais uma longa discussão.

Branca de Neve interviu: - Parem de brigar! O que adianta saírem pelo mundo levando a Palavra se são 7 irmãos e brigam desse jeito?

Atchim lembrou e depois deu vários espirros: - Branca de Neve você viu como aumenta a cada dia o uso de drogas, aumenta a criminalidade... Atchim, atchim...

E Soneca completou: - Falta respeito, falta consideração. Isso tudo é falta de...

E os 7 anões falaram juntos o que faltava: - Religião.

O Mestre falou com muita dureza: - Religião é coisa séria e eu não admito que falem mal da minha!

E os anões gritaram: - Nem eu! E começaram a discutir novamente.

Mais uma vez Branca teve que intervir: - Parem! Desse jeito eu vou embora. Que péssimo exemplo vocês estão dando para a minha filhinha. Se o meu marido príncipe souber que vocês estão agindo assim nunca mais ficará tranquilo quando nós virmos visitá-los.

Dengoso resolveu tomar uma atitude: - Não se preocupe Branca de Neve: irei para o quarto, assim não brigarei mais.

Os outros 6 anões disseram: - Farei o mesmo.

E lá se foram cada qual em sua cama, mas continuavam brigados, um sem olhar para o outro.

Branca de Neve ficou desesperada e muito triste. Depois se ajoelhou e pediu: - Meu Deus, me ajude a unir os 7 anões!

Uma luz brilhante apareceu num canto da sala. Mãe e filha admiradas exclamaram: - Um anjo!

O Anjo respondeu: - Sim, fui enviado para ajudá-la.

Branca, muito feliz, chama os anões: - Mestre, Atchim, Zangado, Dengoso, Feliz, Soneca, Dunga, venham, venham!

Eles saíram correndo do quarto, um esbarrando no outro, querendo ser o primeiro. Quando chegaram na sala ficaram perplexos: - Um anjo!?

Branca explicou: - Ele está aqui para uni-los, pois vocês brigam por julgarem que a religião de cada um seja a melhor.

Zangado que sempre foi briguento respondeu: - E a minha é melhor mesmo porque seguimos a risca o que o Senhor nos deixou.

Todos os anões falaram: - Eu também.

- E que Senhor é este? Perguntou o Anjo.

Todos os anões responderam: - Jesus Cristo!

O Anjo então falou: - Vejam, todos têm a fé no mesmo Senhor. “Jesus se despediu dos seus amigos e retornou à Casa do Pai, mas ele continua presente na comunidade, atuando no coração de cada um”.

E Branca concluiu: - E é tudo o que Ele ensinou que vocês falam para as pessoas.

- Isso mesmo! Concordaram os amigos anões.

- Então, vocês precisam estar unidos na Fé e devem viver essa Palavra de amor, bondade, justiça. Concordam que falar para as pessoas que devemos amar uns aos outros e chegar em casa e brigar não é uma coisa certa de se fazer? Perguntou o Anjo.

- Concordamos! Responderam.

Branca falou: - Não é para ficarmos parados, temos que falar e viver a Palavra de Jesus Cristo porque cremos.

O Anjo concluiu: - Muita religião, mas um só coração.

E todos afirmaram: - Sou cristão e vivo em missão. Os sete se olharam, pediram desculpas, se abraçaram e nunca mais brigaram.