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O importante é deixar o amor brotar

Jo 13,31-33a34-35

Autora: Cecília Pellegrini


Certa vez, no ateliê da Costureira Bonequeira começou a tocar a música “Emília” do sítio do Pica Pau Amarelo. Duas bonecas irmãs, Amália e Amélia estavam dentro da caixa de costura e foram jogando o carretel de linha, pano e agulha para o lado de fora da caixa. Quando a música disse: “Nasceu uma menina valente, Emília...” as duas gritaram: - Pára, pára! Emília, não! 

Uma começou a sacudir a outra.

Amália gritou: - Amélia, sua chata, não fale o nome dela.

Sua irmã retrucou: - Amália, você é que falou. Eu nunca falo.

Amália continuou a briga: - Mas você é uma chata mesmo né. Quem disse que eu falei o nome da Emília. Opa...

Quando percebeu que falou pôs a mão na boca e disse: - Saiu sem querer...

Amélia não deixou por menos: - Eu não disse? Você é uma burra mesmo.

Amália respondeu a altura: - Eu sou burra, mas sou feliz, mais burra é quem me diz. Se eu falei o nome da nossa prima Emília, opa...

Colocou a mão na boca para o resto do nome não ser pronunciado e continuou a explicação: - É porque eu falo rápido demais, mas eu sei que a E... opa...

Pôs a mão na boca novamente e continuou: - Nossa prima, desde que foi convidada para participar do Sítio do Pica Pau Amarelo, ficou assim, exibida, metida.

A irmã concordou: - É, até música ela tem.

Amália continuou a provocar: - E você puxou esse lado da família. O lado dos encrenqueiros, mexeriqueiros. Acho que a dona Costureira Bonequeira colocou muito pano nessa sua cabeça de melão azedo.

Agora foi a vez da Amélia: - Você é que deve ter sido costurada com linha podre e a dona Costureira deve ter colocado aquelas bolinhas de isopor dentro de você, porque falta conteúdo aí dentro, entendeu?

As duas começaram a brigar.

Todos os bonecos acordaram, fecharam os ouvidos e gritaram: - Parem!

Mel, uma linda bonequinha, falou: - Que barulheira é essa? Queremos dormir!

Todos bonecos concordaram: - É, queremos dormir!

A encrenqueira Amália respondeu: - Azar o de vocês, eu não estou com sono e vou continuar brigando com essa minha inimiga mortal, que é horrorosa, sebosa...

A irmã dela deu o troco: - Sua melequenta, briguenta, horrorenda... 

E assim a confusão aumentou, até que a Tatá, outra boneca do ateliê separou as duas: - Chega, chega. Nem parece que vocês são irmãs.

Amália falou: - Não precisa me lembrar. Eu, irmã dessa Amélia, cara de remela.

- Pior é você, Amália, cara de palha...Gritou Amélia.

A costureira Bonequeira, com uma agulha de costura gigante e trazendo uma bonequinha semi-pronta no colo entrou na sala:- Bom dia, meus filhinhos bonequinhos!

Os bonecos retribuíram o cumprimento: - Bom dia Costureira Bonequeira!

Ela continuou: - Nossa, eu estava costurando essa boneca e tive que parar porque ouvi uma gritaria...

A costureira deixa a boneca numa cadeira e perguntou: - O que está acontecendo aqui?

Amália foi a primeira: - É essa Amélia que briga comigo o tempo todo.

Amélia retrucou: - É você Amália que briga comigo, sua mentirosa de uma figa...

A irmã respondeu: - Mentirosa é você.

- É você! Falou Amélia!

E uma sacudia a outra quando a costureira interveio, separando as duas: - O que é isso, duas bonequinhas brigando desse jeito? Vocês sabem que existe apenas uma condição para fazer parte da família dos bonecos de pano. Qual é essa condição?

Os bonecos responderam: - Viver como verdadeiros irmãos e irmãs!

Amália não se aguentou e falou, apontando a Amélia: - Ser prima daquela E...tanranran, do Sítio do Pica Pau Amarelo já é uma dureza, irmã dessa daí, nem pensar.

Amélia mostrou a língua para a irmã e respondeu: - Pois eu digo a mesma coisa.

A costureira relembrou: - Eu amo todos vocês e sempre ensinei que um deve ajudar o outro, viver em paz. Não ensinei?

Os bonecos falaram em uníssono: - Ensinou.

E Mel lembrou: - Só que essas duas parece que estavam dormindo nesse dia.

Então Tatá perguntou: - Será que a senhora não costurou demais os ouvidos delas?

Indignadas Amélia e Amália reagiram: - O quê? 

- Se ela costurou demais o meu ouvido, em compensação deixou a sua boca escancarada, bradou Amália.

- É isso mesmo, sua abestalhada. Gritou Amélia

Calmamente a Costureira Bonequeira revelou: - Eu queria tanto que o meu desejo de ver todos os bonecos unidos, sem brigas, se realizasse. 

As duas irmãs confessaram: - Mas, é difícil pra mim.

E a Costureira explicou: - Quando eu vejo cada boneco que eu criei, se dando bem com seus coleguinhas, com os pais em casa, com todos com quem convivem, eu fico tão feliz. 

Ela sentou-se na cadeira, foi falando e continuou a costurar a bonequinha: - É vendo esse amor que eu sei que esse meu pedido foi atendido.

As duas resmungaram juntas: - Amor, amor... Nem pensar!

Amélia afirmou: - Somos inimigas para sempre!

Amália continuou: - Sabe, dona Costureira, eu sou muito grata porque a senhora me fez, toda bonitinha, esperta, inteligente, perfeitinha mesmo, mas não adianta impor esse amor que comigo não cola, ok?

A costurou lembrou: - Eu não imponho nada, não obrigo vocês a se amarem. Eu proponho, dou a sugestão, faço o pedido para que todos os bonecos vivam no caminho do bem, um ajudando o outro. Quando eu termino de dar vida a um boneco coloco todo o meu amor...

Enquanto falou ela colocou a bonequinha que terminou de fazer no chão, deu-lhe um beijo e ela começou a se mexer.

As irmãs ficaram admiradas: - Que linda! É minha, é minha...

Elas puxaram a bonequinha de um lado para o outro e na confusão o braço da Amália foi arrancado por Amélia. 

O que se ouviu foi choro, dor e desespero da Amália: - Aiiiiii que dor, socorro, me ajudem! 

Amélia caiu em si: - Nossa, o que foi que eu fiz? Desculpe Amália! Por favor, dona Costureira Bonequeira, ajude a minha irmã. Cadê o braço dela?

Ela viu que estava caído no chão. Imediatamente ela pegou e entregou para a costureira.

Amália gritava: - Eu vou morrer, eu sei que vou morrer. Está doendo muito. Acho que eu vou desmaiar!

- Aguenta firme, irmãzinha. Amélia consolava a irmã.

Os bonecos perguntaram: - Tem jeito de consertar, dona Costureira?

E a costureira respondeu: - Lógico que tem jeito, eu vou costurar, mas para não doer, precisarei da sua ajuda Amélia.

- Pode dizer, farei qualquer coisa pela minha irmã.

E a costureira pediu: - E da sua também Amália, você aceita esse meu convite?

- Aiiiiiiiii, aceito, aceito.

Mel falou em nome dos outros bonecos: - Nós também queremos ajudar!

Amália falou chorando: - Isso, isso, por favor amigos, ajudem porque está doendo muito [choro.]

A Costureira revelou: - Ótimo, com todos os bonecos ajudando, o conserto será rápido. Todos devem se abraçar para que a costura possa começar. A agulha vai consertar para que a briga possa parar.

Que cena linda! Todos dentro do ateliê se abraçaram com carinho e a magia continuou: - Um beijo vai selar a paz que vai reinar. 

Nem bem a costureira terminou de falar todos já estavam se beijando.

Quando os bonecos viram que Amália estava consertada exclamaram felizes: - Viva! Deu certo!

As irmãs agradeceram a costureira e os bonecos: - Obrigada!

A costureira ensinou: - Com uma nova maneira de se relacionar é possível fazer a confusão se apagar. Pode acontecer devagar..., mas o importante é deixar.

Todos completaram: - O amor brotar!

Desse dia em diante a paz reinou no ateliê da Costureira Bonequeira.

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