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De SoliTária a SoliDária!

Atualizado: 30 de out. de 2020

Mt 10,37-42

Autora: Cecília Pellegrini


Cenário: Decoração Junina, com um cartaz que diz: ARRAIAL DA BICHARADA. Vários bichinhos de pelúcia com roupas juninas espalhados pelo palco. Uma porteira do lado esquerdo do palco.


Personagens: Vaca Pintada, Burro Genaro, Porca Pançolina e seus 2 filhos Porquinhos.

[Música Junina para a entrada da Vaca Pintada, toda animada e dançando. Ela traz um prato de comida típica. Vai arrumando e falando com os bichos de pelúcia do cenário]


VACA: - Oi compadre coelho, que belezura tá a minha festa, não é? [para e espera, mas nada se ouve de resposta]. Comadre Ovelha, já comeu dos meus quitutes? [para, espera e depois fala zangada]: - Não responde a sem educação. Vem na minha fazenda, come da minha comida e não responde. Que desaforo. Mas deixa pra lá, hoje é dia de festa, de animação e eu não vou me importar com amigos da onça, que parecem que não tem língua. O gato comeu a língua de vocês, foi?

Falando em gato que comeu a língua, eu vou é comer, pois estou faminta. [Vai comendo e falando (solilóquio)]. Humm, tá bom por demais! Mas, Pintada, você é mesmo uma vaca prestimosa, nasceu com tantos dons, mas tantos dons. Você sabe fazer de tudo, além do que, tem tanto leite, mas tanto leite. Obrigada vaca amiga, pena que seu leite se estraga todo, não é mesmo? Não tem ninguém para beber. Hum?! Que loucura, estou a cada dia falando mais comigo mesma.

[Entra em cena uma porca com 2 porquinhos. Param na porteira]

Um PORQUINHO: - Hum, que cheirinho bom, mamãe.

O outro PORQUINHO: - Vem da fazenda da vaca Pintada. [aponta]

PORCA: - É mesmo filhotes, mas nem adianta que aquela ali não abre a porteira pra ninguém.

PORQUINHOS: - Mas estamos com fome, mãe...

PORCA: - Bem, não custa nada tentar mais uma vez, não é mesmo?

VACA: - Olha só quem está vindo aí, a Pançolina e aqueles fedelhos. [Pega um bichinho de pelúcia]. Vamos fingir que estamos dançando. [Fica de costas para os porcos, cantarolando]

PORCA: - Tarde, vaca Pintada. [Vaca canta mais alto]

PORCA [abre a porteira e vai até a vaca e bate no ombro dela].

VACA [brava]: - Mas que negócio é esse de entrar na festa dos outros e ir batendo no meu ombro, como se fosse uma amiga íntima?

PORCA: - Dona vaca Pintada, boa tarde! Só não somos amigas porque a senhora sempre me rejeitou, nunca respondeu aos meus cumprimentos, sempre me olhou de cima para baixo.

VACA: - Lógico que te olho de cima pra baixo: eu sou uma vaca, alta, imponente e você uma porca, pequena e... sem graça.

PORQUINHOS: - Mas somos bichinhos...

PORCA: - Sim, meus filhotinhos têm razão: uns podem ser grandes, outros pequenos, mas todos são bichinhos, como a senhora.

VACA: - Eu gosto dos bichinhos, vejam só quantos vivem aqui comigo: tem onça, cachorro, leão, marreco, periquito, papagaio...

PORCA: - Sim, mas são de pelúcia, brinquedos! Não falam com a senhora.

VACA: - Isso é verdade e estou vendo agora que é tão gostoso falar e ouvir, ouvir e falar.

PORCA: - Isso se chama diálogo! Os amigos conversam, ajudam uns aos outros...

PORQUINHOS: - Dançam juntos [pegam a vaca e dançam com ela]

VACA [feliz]: - Que gostoso! Fiz umas comidinhas deliciosas, vocês querem comer?

PORCOS: - Sim, sim. [Todos começam a comer].

[Entra em cena um Burro, muito velho e cansado, todo esfarrapado, sempre tossindo. Vendo a porteira aberta vai entrando]

VACA [começa a ter um ataque de medo, pensando ser um ladrão]: - Socorro, socorro, ladrão, ladrão.

BURRO: - Ladrão, eu?

PORCA: - Calma Pintada, esse é o Genaro.

BURRO: Sim, sim sou Genaro, meu dono me abandonou porque estou assim, velho, cansado e acabado.

PORCA e os PORQUINHOS [vão abraça-lo]: - Seu Genaro!

BURRO: - Oi Pançolina, oi porquinhos.

VACA [chama a porca]: - Pançolina venha cá. Esse burro está fedendo, com uma roupa toda suja, rasgada. Parece mais um cachorro sarnento. Você que é uma porquinha cheirosa até pode ficar, mas esse aí... Poupe-me, né!?

PORCA: - Mas dona Pintada, o burro Genaro anda por aí, sem casa, sem comida. Vive da caridade dos bichos. Só não morreu ainda porque tem a nós. Mas, se os donos das fazendas nos virem, nós os sadios e produtivos, com um animal velho e doente, eles expulsam o pobre Genaro a pauladas.

VACA: - A pauladas?

BURRO: - Sim, veja as marcas, as cicatrizes. [mostra].

VACA: - Vixi Maria! Que malvadeza! Detesto quem maltrata os animais.

PORQUINHOS: - Pobre Genaro. [correm abraçá-lo.]

BURRO: - Só não morri ainda porque tenho amigos como a dona Pançolina e os filhinhos dela.

PORCA: - Mas, infelizmente nosso dono não deixa você morar lá, pois se deixasse você teria uma velhice justa, com casa, comida e carinho. Você já fez tanto meu amigo, merecia uma vida melhor.

VACA: - Pois eu acho que posso resolver esse problema. O meu dono já se foi e me deixou toda essa fazenda. Eu posso repartir tudo isso com Genaro. E a Pançolina com os filhinhos poderão estar aqui sempre que quiserem e, assim, me ajudarão a cuidar do senhor.

TODOS [animados]: - Viva!

VACA: - Porquinhos, levem o seu Genaro ali atrás e o ajude a tomar um banho. Lá tem roupas limpas e cheirosas que eu mesma fiz, lavei e passei.

[O Burro e os 2 porquinhos vão para a coxia. O burro tirará a roupa esfarrapada e por baixo estará com uma camisa xadrez, gravata e calça jeans]

PORCA: - Dona Pintada, a sua solidariedade e caridade, ou seja, o fato da senhora ajudar o seu Genaro tornará mais leve a cruz que esse pobre e doente burro carrega.

VACA: - Tenho que confessar Pançolina, eu perdi muito tempo sendo egoísta e sozinha. Você me mostrou o verdadeiro sentido da vida. Obrigada.

PORCA: - Eu é que agradeço, Pintada. Tenho certeza de que você será cada vez mais generosa, pois você tem muito, tanto em bens materiais quanto em dons pessoais.

[Entram em cena o Burro e os Porquinhos].

VACA: Nossa, que mudança exterior, seu Genaro! E eu tive uma grande mudança interior, porque descobri o quanto recebi nessa vida e pretendo repartir e ajudar a todos que precisarem de mim.

TODOS: - Viva!

BURRO: Obrigado por tudo dona Pintada. Acredita que estou me sentido bem melhor? Com mais saúde e cheio de vigor?

VACA: - Eu estou sentindo uma alegria enorme, agora tenho amigos em carne e osso.

PORCA: - De soliTária a senhora passou a ser soliDária.

BURRO: - Basta trocar uma única letra e quanta diferença...

VACA: - Solitária nunca mais. Daqui pra frente serei solidária!

TODOS: - Tchau! [saem de cena]

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