Corrigir no Amor
- Ovelhinha

- 18 de out. de 2018
- 5 min de leitura
Atualizado: 15 de out. de 2020
Mt 18,15-20
Autoras: Cecília e Rafaella Pellegrini
Era um verão fortíssimo e, com isso, todas as plantas do belo jardim estavam sofrendo.
Certo dia, em plena manhã, Florinda com um chocalho na mão, sempre balançando, fez uma dança, inspirada nos índios: - Vamos chocalhozinho, vamos. Faça chover, faça chover.
Suas irmãs, Flora e Florbela chegaram com leques, se abanando muito: - Que calor! Que calor!
Florinda disse: - Por todos os ramalhetes do universo, com essa secura toda, meu caule está ficando fraquinho. O que vamos fazer?
As florezinhas reclamaram: - Estamos com sede...
Florinda, então, tenta acalmá-las: - Calma, florzinhas! Nós vamos encontrar uma solução. Ela balança o chocalho e arrisca mais uns passos indígenas: - Será que a dança da chuva funciona?
Flora e Florbela estão no limite: - Que calor, que sede.
A irmã mais velha tomou uma decisão: - Não adianta ficarmos aqui reclamando, vou até o rio e pegarei o máximo de água para estocarmos.
Ouve-se uma cantoria: - Florentina, Florentina, la, la, la, lu, lu, lu... Quem chegou foi a Florentina toda animada, com um ventiladorzinho ligado.
Ela parou de cantar quando viu as flores: - Nossa que pétalas “desmilinguidas” são essas? Vai um ventinho aí?
As flores responderam: - Sim!
Mas Florentina negou ajuda: - Mas não vou dar porque o vento mal dá para o meu “corpitcho”. Mas, o que está acontecendo?
Elas responderam: - Estamos com sede!
A flor concordou: - Nossa, eu também! E apertou um botão no ventilador e saiu água, que ela tomou.
Florinda pediu: - Divida a água com as florezinhas em botão, por favor.
Mas a egoísta mais uma vez negou: - Que peninha que tem pouco, não vai dar para repartir.
Florinda disse: - Preciso buscar água no rio, imediatamente. Vamos comigo Florentina?
- Não vai dar porque o rio é longe e estou meio indisposta.
Diante da negativa, Florinda pegou dois baldinhos e saiu apressada: - Eu vou, então.
Depois que a flor saiu, Florentina revelou: - Até parece que eu vou andar nesse sol quente. Pode me desidratar e pétala ressecada é horrível!
Depois de uma hora Florinda retornou correndo: - Vejam irmãzinhas, eu trouxe água... bebam! Vou buscar mais!
E assim foi, ela saiu levando mais baldes.
Florentina sentou-se e depois conversou com as florzinhas: - Ui, ui que canseira! Oh, suas danadinhas, vocês já beberam água, agora fechem os olhos e tirem uma soneca.
Flora revelou: - Mas não estou com sono.
E Florentina respondeu brava: - Eu não estou perguntando se vocês querem dormir, eu estou mandando. Fechem os olhos agora e durmam, já!
As flores ficaram com medo e obedeceram.
Florentina falou: - A Florinda é boboca mesmo. Enquanto ela trabalha eu fico aqui na sombra. Vou pegar uma parte dessa água para mim e a noite, quando todos estiverem dormindo levarei para a minha casa.
Ela pegou água do recipiente maior e colocou em outro, escondido. Depois começou a cantar e dançar baixinho para as florzinhas não acordarem.
Florinda mais uma vez chegou com os baldes cheios, colocou no recipiente maior e saiu.
Assim que a amiga saiu Florentina pegou água do recipiente maior e colocou novamente na vasilha dela que estava escondida. Só que desta vez Florbela viu e falou: - Que coisa feia!
Flora abriu os olhos e perguntou: - O que foi?
Florentina brava respondeu: - Não foi nada.
Florbela levou-a para um canto: - Venha cá, Florentina. Não é justo ficar roubando a água.
Florentina falou bruscamente: - Olha aqui, a vida é minha e eu faço o que eu quero.
Florinda entrou com mais baldes cheios e depois que despejou a água no recipiente falou: - Ufa, que cansaço, mas valeu a pena. Vejam quanta água. Nossa... parecia que tinha bastante...
Florentina foi logo falando: - Foram essas florzinhas que tomaram tudo, aliás, já sei o que vou fazer.
Depois de acusar as flores-crianças ela saiu apressadamente.
Florbela, então, relatou: - Florinda, eu queria muito que você me ajudasse a falar com a Florentina.
- Sobre o quê? Perguntou Florinda.
Florbela mostrou o recipiente escondido e contou: - Ela está pegando a água que você traz e pretende levar escondido para a casa dela.
Florinda ficou triste: - Então, não foram vocês que tomaram a água? Precisamos falar com ela!
Florentina chegou trazendo duas chupetas na mão: - Pronto, pronto, resolvido. Vou colocar a chupeta na boca dessas “florralhas”, quero dizer pirralhas, e aí elas vão parar de beber tanta água.
Florinda disse: - Florentina, preciso falar com você.
Flora e Florbela se aproximaram e Florentina falou: - E tem plateia é?
Florinda respondeu: - Sim, porque quero que elas sejam testemunhas do que vou te dizer.
Florbela começou o diálogo: - Eu contei para a Florinda que você anda pegando água escondida.
- Sua fofoqueira, dedo-duro. Gritou Florentina!
Calmamente Florbela falou: - Eu bem que tentei falar sozinha com você, mas você não quis me ouvir.
E Florinda fez a amiga pensar: - Você acha justo não trabalhar, aproveitar-se da nossa boa-fé, ficar pegando água na calada da noite?
Florentina esnobou: - Fazer o quê, se eu sou mais inteligente que você? O mundo é dos espertos e quer saber de uma coisa? Fiquem aí, suas bobocas, vou ao canteiro das margaridas pegar mais água pra mim.
Ela saiu levando o recipiente que estava escondido e Flora ficou indignada: - não é justo, ela vai enganar outras flores...
Então Florinda decidiu: - Precisamos falar com o Jardineiro.
E as flores começam a chamá-lo: - Jardineiro... Jardineiro...
Ele veio imediatamente: - Aqui estou! Precisam de algo, queridas flores?
E Florinda explicou: - Jardineiro, a Florentina não quer saber de trabalhar, anda enganando as flores e pega água que conseguimos a custas de muito esforço.
E o Jardineiro quis saber: - Vocês já a chamaram para conversar?
As flores responderam: - Já!
O Jardineiro então perguntou: - E mesmo assim ela não parou de agir errado?
Elas responderam que não!
Então, o Jardineiro disse que teriam que convocar todos os moradores do jardim, e assim foi feito: - Alecrim, rosas, cravos, tulipas, jasmins, orquídeas, girassóis, venham, venham todos para o jardim principal, pois precisamos conversar. Depois que todos da comunidade estavam reunidos, ele chamou a Florentina, que chegou e foi logo esnobando: - É duro ser importante. O que vocês querem com essa reunião toda?
Com muito carinho o Jardineiro falou: - Parece que você anda agindo errado com as flores do jardim...
- Mas como tem linguaruda aqui, né!? Gritou Florentina.
Florbela disse: - Eu tentei falar com você em particular, lembra?
Florinda também ajudou no argumento: - Depois falamos as quatro lembra?
E o Jardineiro completou: - Elas tentaram te corrigir, foram amigas, mas como de nada adiantou estamos todos reunidos, para ver se a comunidade consegue fazer você parar de enganar, roubar... Você é uma flor inteligente e queremos que você use isso para o bem.
Flora constatou: - Você nos trata mal, mas tratamos você bem.
Florbela reforçou: - Você age errado e nós te corrigimos com carinho.
- Será que não está na hora de você reconhecer seus erros, tentar ser melhor, para vivermos todos em paz? O Jardineiro perguntou.
Florentina reconheceu: - Vocês falam com tanta paciência comigo, me tratam com tanto carinho, me corrigem com tanto amor, que assim parece tão fácil mudar...
E todas as flores concordaram: - É simples, basta querer.
Florentina, bem animada disse: Eu quero! Mas não sei como começar: o que devo fazer para melhorar?
Cada flor daquele Jardim disse algo para ajudá-la a ser melhor e, depois de tudo ouvir, Florentina disse: - Entendi, vou devolver toda água que eu roubei, também vou ajudar a pegar água no rio. Florzinhas, fiquem com o meu ventilador, pois ele refresca pra caramba. Eu vou mudar, prometo!
Todos responderam: - Assim é que se fala!
E assim foi, dia após dia, Florentina se esforçou para ser uma flor amiga e verdadeira e o Jardim se transformou num paraíso.




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