Arraial no galinheiro
- Ovelhinha
- 18 de out. de 2018
- 5 min de leitura
Atualizado: 15 de out. de 2020
Mt 10,26-33
Autora: Cecília Pellegrini
Estamos no mês das festas juninas e as aves do quintal do sítio do vovô Amoroso resolveram fazer um lindo arraial no galinheiro.
O Pintinho Juninho, muito inocente, estava dormindo sozinho no ninho quando a Raposa entrou no galinheiro, com um guardanapo no pescoço, trazendo enormes garfo e faca nas asas.
O pintinho se mexeu no ninho, mas logo ficou quietinho, dormindo suavemente.
Seus pais, senhor Galo Carijó e dona Galinha de Bolinha, chegaram trazendo enfeites juninos para decorarem o galinheiro para a festa.
Eles entraram conversando em “galinhês”, ou seja, só com cocoricós e mais cocoricós.
A Raposa, ao ouvi-los, correu se esconder e o casal nada percebeu.
A Galinha lembrou que um ser humano estaria lendo essa historinha e falou: - Cococó, marido galo Carijó, vamos parar de conversar em galinhês porque as pessoas não estão entendendo nada.
- Quiquiriquique querida, é mesmo! Respondeu o marido.
A Galinha continuou a conversa: - Estou tão feliz que as aves do quintal do Vovô Amoroso concordaram em fazer a festa junina aqui no galinheiro!
O Galo disse: Eu também estou feliz! Vou agora mesmo avisar a todos que já acordamos!
O Galo então empostou a voz e gritou: - Quiquiquiriquique!
O Pintinho acordou assustado e começou a chorar: - Piupiupiupiu!
A mamãe Galinha alertou o marido: - Querido, você assustou o Juninho.
O pai foi até o bebê-pintinho e disse: - Quando você crescer será forte como o papai.
O filho ficou feliz e levantou do ninho tentando imitar o pai: - Qui... qui...
Os pais ficaram animando o filhinho: - Muito bem, muito bem!
Logo em seguida, a mãe Galinha orientou: - Mas agora vamos lavar esse rostinho e comer a quirelinha que todas as manhãs está no seu pratinho?
O pai Galo completou: - Papai e mamãe já comemos todo milho e bebemos toda a água que o Vovô Amoroso colocou pra nós.
- Sim mamãe, sim papai. Juninho gosta do Vovô Amoloso. Respondeu obediente.
- Isso mesmo, meu filho: ele nos ensina só coisas boas, justas e temos que agradecer, além de praticar, fazer o que ele nos pede. Ensinou o Galo.
O filhinho mostrando que aprendeu a lição: - Eu já aplendi a sê bonzinho, ajudá, lepaitir...
A mãe completa: - E agradecer, filhinho, agradecer sempre! Vamos.
E lá foram ajudar o filho na higiene matinal e na alimentação.
Ao se ver sozinha, a Raposa saiu do esconderijo e começou a cantar uma paródia que fez da música Galinha Pintadinha: - A Galinha de Bolinha e o galo Carijó, vão dar uma festinha no galinheiro da vovó. A Galinha é bobinha e o Galo é um bocó, o pintinho é sobremesa, pra Raposa vejam só. Cocócócó...
Depois que terminou a cantoria falou: - O arraial aqui do galinheiro promete ser muito bom. Vem a bicharada do quintal todo do Vovô Amoroso. Eu sabia que me daria bem por essas bandas. Com a cidade chegando cada vez mais perto das matas vai ser moleza conseguir comida!
Um casal de Patos, também moradores do quintal, chegaram muito nervosos, tremendo de medo: - Quá,quá, quá...
Quando a raposa ouviu o primeiro “Quá” correu se esconder.
Dona Pata falou: - Eu tô com medo Patati.
O Pato nervoso respondeu: - Eu também Patatá. Pudera, a vida está cada dia mais difícil.
A Pata concordou: - Tá difícil! Os perigos estão aumentando...
- E essa agora!? Estão falando que tem uma raposa rondando o quintal. Lembrou Patati.
- Quanta violência! Uma raposa em ambiente doméstico? Falou Patatá.
- A violência aumenta a cada dia. É o fim do mundo! Seremos devorados! Disse Patati.
Com muito medo a Pata perguntou: - O que vamos fazer Patati?
O Pato mais nervoso ainda respondeu: - Quá, quá, quá, eu não sei Patatá!
Os dois ficaram andando de um lado para o outro, dando sinais de desiquilíbrio emocional e o que só se ouvia era um monte de Quá, quá, quá...
A família do Galo, atraídos e preocupados pelo barulho, entram correndo.
O Galo foi logo perguntando: - Compadre Patati, comadre Patatá. O que aconteceu?
Os Patos explicaram: - Estamos com muito medo! - É a raposa!
A Raposa saiu do esconderijo: - Sim, é a raposa! A que mata, devora e apavora as aves do galinheiro.
Os Patos apavorados se esconderam: - Qua, quá, quá.
No desespero, o Pato se escondeu deixando parte do corpo aparente.
O Pintinho, inocente, mas corajoso falou: - Dona laposa, mas o Vovô ensinou que é pla ser boazinha, num pode bligar...
A mãe Galinha confirma: - É, ele ensina a bondade, a amizade, a partilha. E é isso que tentamos fazer todos os dias.
A Raposa, dá uma gargalhada: - E vocês ficam ouvindo esses ensinamentos? Aposto que quem está lendo essa historinha, não pensa assim.
Dona Galinha respondeu: - Aí é que você se engana. A pessoa que está lendo está no caminho certo...
- Mas acredito que tenha algumas crianças por perto ouvindo essa historinha e, como ainda são pequenas, eu posso ensinar muita coisa pra elas: como se dar bem às custas dos mais fracos, posso ensinar a conseguir tudo o que quiserem na base da mentira, enganando... Vocês querem aprender maldades comigo?
O Pintinho falou bem alto: - Não! Não, não, não e não!
A Raposa falou rindo: - Sai pra lá, Pintinho bobinho, primeiro atacarei as aves maiores e você fica pra sobremesa. E nenhuma ave fugirá de mim! Cadê aqueles Patos medrosos?
E saiu procurando por todo quintal...
O Pintinho Juninho pediu ao seu pai: - Papai, vamos, vamos chamá o Vovô Amoloso. Lápido!
O Pai muito forte e seguro chamou bem alto: - Quiquiriquiquê.
Dona Galinha ajudou: - Cocococococóricó.
Juninho ficou tentando imitar os pais: - Qui, qui...
O Vovó veio rápido, trazendo uma vassoura nas mãos para espantar o bicho: - Ara, ara, ara se não é a Raposa tentando acabar com a paz que reina aqui nesse galinheiro. Já não lhe disse para deixar de fazer maldades?
A Raposa respondeu: - E eu já não lhe disse que não quero seguir seus ensinamentos de que temos que ser bons, ajudar e blá, blá, blá?
Todas as aves disseram: - Não é blá,blá, blá não. É união!
- Chega, eu quero brigar! Gritou a Raposa e depois avançou no vovô.
O vovô foi pra cima da raposa e as aves ajudaram, com exceção do pato que continuou escondido.
Enquanto espantavam o bicho falavam: - Sai daqui sua malvada...
O pato observou a cena e quando viu que a Raposa já tinha corrido pra longe, ele saiu do esconderijo e fingindo lutar dizia: - Isso, saia daqui sua raposa malvada.
O Pintinho gritava: - Viva! A laposa fugiu de medo!
O Pato concordou: - É... Ela não aguentou esse Pato aqui, corajoso, forte, lutador...
- Padlinho, num foi bem isso não! Disse o Pintinho.
A Pata concordou: - É Patati, a raposa fugiu de medo da força do Vovô Amoroso, isso sim!
O vovô resumiu: - Juntos, ficamos mais fortes.
- Vovô, ela num qué sê boazinha, né? Disse Juninho triste.
- Pois é, meu querido, ela não quer viver em paz, prefere continuar só fazendo as coisas erradas. E olha que eu já tentei conversar com ela várias vezes, ensinar o que é certo. O vovô Amoroso explicou.
O senhor Galo disse: - Vovô, você é a nossa segurança!
A Pata expôs a lição que aprendeu: - Sim, hoje vi que diante das dificuldades não podemos desanimar, né Patati?
O Pato concordou: - É sim, Patatá! Na hora do desespero eu não me lembrei de pedir ajuda pro senhor Vovô.
Juninho disse: - E quando o Vovô veio nos socoler eu me senti mais folte ainda!
O pai do Pintinho concordou: - É isso aí, precisamos confiar na força que temos.
- E, principalmente, no amor do Vovô por nós. Lembrou a Pata.
Com muito amor o Vovô falou: - Eu estarei sempre com cada um de vocês, amando e protegendo.
Já que a maldosa Raposa estava longe Juninho pediu: - Agola vamos continuá plepalar a festa junina?
Todos Responderam: - Vamos!
E a vida seguiu feliz e em paz no quintal do Vovô Amoroso, pois todos seguiam os seus ensinamentos.
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