A verdadeira história

Jo 20,19-31

Autoras: Márcia Ferruci e Cecília Pellegrini

Cenário: uma aldeia indígena e no centro uma fogueira.

Personagens: Cacique Anhanguera, Iracema, Jaçanã, 2 crianças (Tainá e Tauane).

[Música indígena - em cena estará o cacique da tribo sentado ao lado da fogueira.]

[Entram duas crianças índias dançando com a índia Iracema.]

JAÇANÃ [entra com caderno na mão]: - Parem com essa dança, pois eu estou estudando para a prova.

IRACEMA: - Mentirosa [voltam a dançar.]

JAÇANÃ [brava]: - Já que vocês não acreditam que eu vou ter prova, vocês não estão vendo que o Cacique Anhanguera está sentado ao lado da fogueira?

IRACEMA: - Ainda bem que ele está sentado ao lado da fogueira, já pensou se ele estivesse sentado em cima dela? [Todos dão risada.]

JAÇANÃ: - Engraçadinha, pois fique sabendo que vou contar tudo ao Cacique.

IRACEMA: - Calma, Jaçanã foi só uma brincadeirinha...

JAÇANÃ: - Mas pra mim não foi [ela vai até o chefe.] - Cacique Anhanguera, você precisa dar um jeito na Iracema porque ela vive me chamando de mentirosa, vive me aperreando.

IRACEMA: - Me pareceu que você queria mesmo é parar com a nossa dança. Desculpa aí.

JAÇANÃ: - Pois eu não te desculpo, vocês não acreditam em mim e não respeitam o Cacique que está meditando e ficam aí dançando, dançando...

CACIQUE: - Mas eles não me atrapalharam não. Eu gosto de ver meu povo feliz.

JAÇANÃ: - Pois eu não estou feliz, pelo contrário estou muito, mas muito irritada... [vai para um canto.]

TAINÁ: - Ih, a Jaçanã está triste por nossa causa.

IRACEMA: - Pois eu já sei como deixá-la alegre novamente...

TAINÁ e TAUANE: - Como?

IRACEMA: - Pedindo ao cacique para nos contar uma história. Ela adora...

TAUANE: - Mas será que o cacique vai contar?

IRACEMA: - Vamos lá perguntar. O senhor poderia nos contar uma história?

CACIQUE: - Poranduba?

IRACEMA: - Sim! Uma história [fala alto para a Jaçanã ouvir.]

TAINÁ [vai até jaçanã]: - Venha ouvir a história.

JAÇANÃ: - Não quero.

IRACEMA: - Conta aquela história que fala sobre nossos ancestrais.

JAÇANÃ: - Adoro ouvir história de pessoas que viveram antes de nós, mas não vou lá ouvir; não vou mesmo.

CACIQUE: - Hum! Hoje vou contar para vocês a história de uma pessoa que não foi só nosso ancestral. Mas, uma pessoa que mudou toda a história.

JAÇANÃ: - Mudou toda a história?

IRACEMA: - Mas, quem foi ele?

CACIQUE: - Ele foi uma pessoa muito especial, mas eu só conto se a Jaçanã se juntar a nós.

TODOS: - Vem, Jaçanã!

JAÇANÃ: - Mas é claro que eu vou porque quero saber tudinho. Ele foi um guerreiro? Usava arco e flecha?

CACIQUE: - Ele foi um grande guerreiro, mas não usava arco, flecha ou arpão.

IRACEMA: Mas, Cacique Anhanguera, se ele não lutou com armas, ele não venceu nenhuma guerra.

JAÇANÃ: - É mesmo Cacique, como alguém pode vencer sem estar armado para se defender?

CACIQUE: - Ele usava o amor. O amor é a arma mais poderosa que existe. Ele curou doentes, fez cego enxergar, o mudo falar, o surdo ouvir, multiplicou os pães e espalhou a paz.

JAÇANÃ: - Uau, que incrível! [fala com a plateia] - Vocês já sabem quem é essa pessoa?

CACIQUE: - Muito bem! Esse homem era Jesus, o filho de Deus. Só que Ele não foi compreendido pelas pessoas e acabou sendo preso e morto numa cruz.

IRACEMA: - Morto numa cruz? Mentira Cacique, mentira! Não posso acreditar.

JAÇANÃ: - Viram só, ela não acredita no cacique, assim como não acreditou que eu estava estudando.

CACIQUE: - Ele de fato morreu, mas ressuscitou. Ele venceu a morte. Voltou a viver.

IRACEMA: - O quê? Voltou a viver? Não acredito!

JAÇANÃ: - Psiuuuuu! Deixa o Cacique Anhanguera continuar.

CACIQUE: - Depois de alguns dias de sua morte, Ele apareceu diante dos seus amigos e todos acreditaram que Ele ressuscitou.

IRACEMA: - Todos acreditaram que era Ele mesmo?

CACIQUE: - Teve um deles que só acreditou quando viu Jesus na sua frente e colocou as mãos nas suas feridas.

JAÇANÃ: - Viu, Iracema, acho que era um parente seu.

IRACEMA: - Mas, Cacique, como nós podemos acreditar que Ele realmente ressuscitou?

CACIQUE: - Isso está escrito no grande Livro Sagrado! E quando vocês crescerem eu quero que vocês contem essa história aos seus filhos.

IRACEMA: - Pode deixar, Cacique uma história tão bonita como essa não pode ficar esquecida.

JAÇANÃ: - Eu vou fazer como o senhor faz. Vou contar essa história para todos em volta de uma fogueira.

IRACEMA: - Isso mesmo! Para que todos acreditem e espalhem que Ele existiu e deixou a paz.

VOZ DA MÃE DA JAÇANÃ EM OFF: - Jaçanã, vem estudar  pra prova!

IRACEMA: - Olha... Ela tem prova mesmo!!!!

JAÇANÃ: - Viu Iracema!

TODOS: - É preciso acreditar! Tchau!