A Rainha Sabidinha
- Ovelhinha
- 27 de set. de 2018
- 5 min de leitura
Atualizado: 14 de out. de 2020
Lc 14, 25-33
Autora: Cecília Pellegrini
O reino da sabedoria é governado pela bondosa rainha Sabidinha.
Certo dia ela estava na sala do trono com sua filhinha, quando o Mensageiro Ligeiro entra muito aflito e ofegante e reverencia a realeza: - Alteza, alteza!
A rainha pede ao mensageiro que relate as novidades.
Ele diz que tem péssimas notícias.
A rainha tenta tranquilizá-lo: - Calma, meu bom homem. Você está muito cansado.
Chama, então, a empregada Dedicada, que vem imediatamente: - Chamou-me majestade?
A rainha faz seu pedido: - Sim, traga água para o Mensageiro Ligeiro.
A empregada corre providenciar, mata a sede do Mensageiro e permanece imóvel ao lado da rainha, para atendê-la prontamente.
O Mensageiro, agora restabelecido, dá a notícia: - Obrigado por se preocupar comigo alteza, mas tem um exército marchando em direção ao nosso reino.
A rainha percebe a gravidade da notícia e chama um chefe para ajudá-la: - Chefe da Guarda Real.
O Chefe chega imediatamente: - Pois não, alteza.
A rainha descreve a situação: - O Mensageiro Ligeiro trouxe a notícia de que iremos ser atacados.
A filha da rainha, com medo, pergunta: - Vão nos machucar mamãe?
A rainha a acaricia e a tranquiliza: - Calma, minha filha.
O chefe da guarda real deduz que só pode ser o exército do Rei Ricardo Ricão, pois diz que há anos ele cobiça as riquezas do castelo da alteza Sabidinha.
A empregada comenta que dizem que ele construiu uma cidade inteira só para guardar as riquezas que ele pega mundo afora.
O chefe corrige: - Pega não, rouba! Ele faz qualquer coisa para atingir o objetivo dele. E isso inclui matar...
O mensageiro confirma: - É ele mesmo, o Rei Ricardo Ricão. Agora irei buscar mais informações.
Pede licença e sai apressado.
A rainha pede para a empregada Dedicada ir buscar o Sábio Sabichão, para ele ajudá-la a pensar em alguma ideia para combater o exército do rei Ricardo.
Depois que a empregada saiu, a rainha passou a andar de lado para o outro, enquanto falava: - Precisamos planejar...
O chefe da guarda andava atrás dela e repetia: - Precisamos planejar...
A rainha, sempre andando, continuava: - Planejar muito bem nossos passos.
O chefe, sempre atrás, repetia: - É, planejar muito bem nossos passos.
Ainda bem que o Sábio chegou, pois o chão da sala do trono poderia se gastar de tantas idas pra lá e pra cá.
No caminho, a empregada contou a tragédia e quando o Sábio chegou estava muito apreensivo: - Vossa majestade, a empregada Dedicada me contou tudo.
A rainha confirma: - Sim, sim. O pior é que não me vem nenhuma ideia à cabeça. O que poderemos fazer, Sábio Sabichão?
A filha, com muito medo, pergunta novamente: - Vão nos machucar mamãe?
O Sábio responde: - Não se preocupe, Altezinha, eu tenho tudo aqui ó, na minha cachola.
A rainha ordena: - Então diga, diga logo.
O Sábio expõe seu plano: - Vamos construir uma muralha em volta do castelo. A empregada bate palmas de tão animada que ficou.
O Chefe da guarda real também fica satisfeito: - Muito bem, você é um gênio. Vamos, vamos logo começar.
Eles vão saindo, mas a rainha os chama: - Espera lá, primeiro é preciso calcular o que será necessário. Vou consultar o meu povo.
Vai até a sacada da sala do trono e pergunta ao seu povo: - Querido povo, o que precisamos para construir uma muralha?
Os súditos, que amam a sua rainha, ajudaram-na dizendo todas as necessidades que eram: tijolos, areia, cimento, pedreiros, etc.
A rainha então diz ao Sábio: - O povo está dizendo que precisaremos de 300.000 tijolos. Nós temos isso tudo aqui no reino?
O Sábio responde: - Não, temos apenas 5.000.
Diante da perplexidade de todos a rainha conclui: - 5.000? Então dará apenas para fazer o alicerce e não seremos capazes de terminar.
A empregada se manifesta com total admiração: - Não é à toa que o nome de Vossa majestade é Sabidinha. A senhora sabe tudo!
O Sábio enciumado diz: - Ei, ei, o Sábio aqui sou eu. Mas, veja só majestade: o importante é começar a construção, mostrar ao povo que estamos fazendo alguma coisa.
A rainha discorda: - Nada disso, o importante é proteger o povo e se não dá para terminar a muralha, nem vale a pena começar. E tem mais, mesmo que desse para construir não caberia todo povo aqui no castelo.
O chefe, por sua vez, acredita ter a solução para a falta de espaço: - Mas isso é fácil resolver. Escolheríamos para ficar dentro da muralha os mais fortes, ricos e com saúde.
A emprega, preocupada, quer saber: - E o resto? Eu não sou forte, não sou rica e vivo doente.
O chefe responde: - O resto lutaria com o exército.
A rainha fica chocada: - Que horror! Não diga essas maldades. Não se preocupe empregada Dedicada, vou encontrar uma solução.
O mensageiro entra correndo na sala: Majestade o exército do Rei Ricardão tem 20 mil homens, fortemente armados.
A rainha pergunta: - Eles estão perto?
O mensageiro responde: - Não, ainda estão há 5 dias de viagem.
A filha ainda mais nervosa pergunta: - Vão nos machucar?
O Sábio entra em pânico: - O que vamos fazer, o que vamos fazer?
O chefe questiona: - Ora, ora o que vamos fazer? O Sábio Sabichão é você.
A rainha procura manter-se no controle: - Antes de tomar uma importante decisão como essa é preciso pensar e refletir.
Todos concordam que é preciso pensar e refletir!
A rainha completa: - Sim, porque depois da decisão tomada haverá consequências, as quais teremos que assumir.
Todos concordam que haverá consequências a assumir!
A rainha vai andando de um lado ao outro da sala e todos vão andando atrás dela, sempre repetindo suas falas: - Vamos pensar, vamos pensar...
De repente, a rainha tem uma ideia e ordena ao mensageiro: - Você levará uma mensagem minha ao Rei Ricardo Ricão.
O chefe questiona tal atitude: - A senhora irá escrever a esse malvado?
E a rainha justifica sua decisão: - Sim, é preciso salvar o meu povo, não quero que nenhum mal aconteça aos moradores do Reino da Sabedoria. O Rei Ricardo tem 20.000 soldados e nós temos apenas 10.000. Jamais conseguiremos vencer. Quero que leve a mensagem de que estamos dispostos a negociar as condições de paz.
O chefe indignado fica repetindo: - De jeito nenhum, de jeito nenhum.
Em compensação a empregada elogia sua majestade: - Que bela decisão Rainha Sabidinha. A senhora salvará o povo.
O chefe retruca: - Em compensação, vai mostrar que somos um bando de fracotes.
A rainha explica: - Fracos não, somos da Paz! Lembre-se: se eu não negociar as condições de paz todos sofrerão: adultos, crianças, idosos... todos. É preferível dar a ele todas as nossas riquezas.
A filha teme perder os bens: - Mas perderemos nosso tesouro, mamãe?
A rainha então dá uma verdadeira lição: - Nossa vida é o bem mais precioso que temos. Nosso único tesouro verdadeiro.
O Sábio concorda: - É, a senhora tem razão, agindo assim a senhora dará a chance ao povo continuar vivo.
Sabidinha fala com determinação: - Prometo que irei tentar conversar com o Rei Ricardo Ricão e farei o melhor para todos.
O chefe, após refletir, diz: - Rainha Sabidinha desculpe se fui tão tolo. A senhora tomou a decisão com sabedoria.
A rainha termina dizendo: - Às vezes é preciso recuar para continuar. Procurarei estabelecer a paz e preservar a vida. Vou redigir a mensagem agora mesmo. Vamos Mensageiro.
E assim aconteceu, o Rei pegou todos os bens materiais do Castelo e partiu. A rainha Sabidinha e todo o povo do Reino da Sabedoria se uniram ainda mais e com muito esforço, união e trabalho viveram felizes para sempre.
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