A missão do coelhinho da Páscoa na Amazônia

Jo 20,1-9 e Páscoa 2007 (CF tema: Fraternidade e Amazônia)

Autoras: Cecília Pellegrini e Vera Pastrello

Cenário: Ao fundo do palco colocar TNT azul em toda extensão simbolizando um rio. Na frente deste tecido haverá a caracterização de 3 povos da Amazônia: indígena, nordestino e afrodescendente.

No meio do corredor central haverá uma mesa e sobre ela uma cadeira. Na cena 1 a mamãe coelha Carla estará sentada nesta cadeira, sendo que sua saia cobrirá toda mesa. Embaixo da mesa/saia estará o filho Coelhito, aguardando entrar em cena.

Personagens: Coelha (mãe), Coelhito (filho), Gavião, 2 bichos e 3 crianças representando os povos da Amazônia: Indígena, Afrodescendente, Nordestino.

[Música de ninar]

[No palco as 3 crianças indígena, afro descente e nordestina estarão imóveis enquanto a Cena 1 acontecerá no corredor central.

[CENA 1 - no corredor central]

[Coelha com uns 3 coelhinhos de pelúcia no colo, cantando]: - Coelhinho da mamãe está na hora de dormir, já encheu a barriguinha, com muita cenourinha... Hummm, hummm (só melodia).

[Toca o despertador]

COELHA [grita]: - Coelhiiiiiiiito!

[Choro de bebê.]

COELHA [fala primeiro com os coelhinhos de pelúcia]: - Calma filhinhos, dorme, dorme... [agora grita]] - Coelhiiiiito! Mas onde está este meu filho?

COELHITO [sai debaixo da saia da coelha]: - Estou aqui mamãezinha.

COELHA: - Chegou o momento, filhinho. Você precisa ir para a Amazônia!

COELHITO: - Mas eu não quero ir, mamãe. Eu não quero.

COELHA: - Como não quer ir? Você é o mais velho dos seus 15 irmãos. Você é um adolescente garboso, charmoso, fala bonito... [Coelhito faz gestos de convencimento, dá a impressão de que está concordando, mas volta atrás.]

COELHITO: - Mas a Amazônia fica lá no norte e nós estamos aqui, no sudeste, nessas campinas maravilhosas, cheias de cenouras suculentas... Ah! Não vou, não vou e não vou.

COELHA:- Você não é o mais velho?

COELHITO: - Sou.

COELHA: - Você não estudou toda a história da Páscoa, dos ovos, dos coelhos?

COELHITO: - Estudei.

COELHA: - Então, filhinho. A Amazônia precisa de uma vida nova. Você precisa levar esperança para aquelas crianças que já não veem mais alegria na vida. Elas estão morrendo junto com aquelas terras.

[Enquanto a Coelha e o Coelhito estão contracenando, 2 animais entrarão abaixados pelos corredores laterais e se posicionarão em bancos estratégicos.]

COELHITO: - Mas mamãe eu estou com tanto medo, eu não sei o que irei encontrar por lá.

COELHA: - Seja forte, não tenha medo não, seu anjinho da guarda estará lhe protegendo o tempo todo.

COELHITO: - Está bem, mamãe. Já que o papai Coelhão foi ao Iraque levar alegria e esperança para as crianças de lá, eu irei para a Amazônia.

COELHA: - Assim é que se fala. Aqui está a sua mochila, com água, comida e livros para ler na viagem. O Sr. Gavião, está esperando no aeroporto.

[O gavião estará sentado no chão, mais à frente. Na sua fantasia estará escrito Gavião.]

COELHA: - Que o seu anjinho da guarda te proteja. Boa viagem [a mãe acena.]

COELHITO: - Obrigado mamãe, tchau.

COELHITO [dá alguns passos acenando. Dá sinais de medo]: - Tchau... Tchau... [fala em off] - Ai que medo...

BICHO1 [pula, aparecendo no corredor central, bem na frente do coelhinho]: - O gavião que vai levar o Coelhito vai cair, lá, lá, lá.

BICHO2 [pula]: - Na Amazônia tem cobra, aranha, leão, onça...

BICHO1: - É só mato, jacaré e mosquito da dengue...

BICHO 2: - Índio que come até gente.

BICHOS 1 e 2: - Coelho então...

BICHO 1: - É ensopado!

BICHO 2: - É assado!

BICHOS 1 e 2: - Fazem até torresmo de coelho! [risadas.]

COELHITO: [fica com muito medo e finge que vai voltar]: - Ai meu anjinho da guarda, me ajuda! [respira fundo]: - Eu vou firme nesta missão e vocês não me metem medo, não. Se preciso ajudar as crianças de lá, irei já.

BICHO 1: - Ih, falhou. Ele vai mesmo pra Amazônia.

BICHO 2: - Não adianta colocar medo nele.Esse anjinho da guarda está junto dele o tempo todo.

BICHOS 1 e 2: - Vamos dar o fora [sairão pelos corredores laterais.]

[Música – Coelhito finge subir nas costas da ave. O gavião abre os braços e sai voando. Coelhito agarrado em seu pescoço.]

[As 3 crianças (indígena, nordestina e afro) que estavam imóveis, começam a brincar juntas (sem fala).]

COELHITO: - Como é grande! Nossa! O que é aquilo? Quanta fumaça! [aponta para a plateia] - Quantos caminhões transportando madeira! Os animais fogem assustados! [chega no palco.]

COELHITO: - Obrigado, Sr. Gavião [gavião acena e sai de cena]. Oi, crianças! [falando com indígena, nordestina e afro.]

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO [admiradas]: - Um coelho!

COELHITO: - Tudo bem?

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO [olham umas para as outras. Depois sorrateiramente cada uma pega um objeto (machadinho, pau, arco/flecha) e gritam]: - Hoje tem comida!

COELHITO: - Ahhhhh?! A comida sou eu?

[Música - correm por todo palco, atrás do coelho.]

COELHITO [grita (parar o som)]: - Espera aí, espera aí. A coisa é mais séria do que pensei. Mim ser coelho da Páscoa [canta engraçado]. Coelhinho da Páscoa que trazes pra mim? 1 ovo, 2 ovos, 3 ovos, assim.

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO: - Tem ovo também?! Coelho e ovo!

COELHITO: - Perna pra quem tem!

[Música - outra corrida de um lado para o outro do palco.]

COELHITO [grita (parar o som)]: - Chega, chega, chega. Até porque vocês correm pra “caramba” e eu já estou cansado. Me deem isso aqui, que pode até fazer xixi na mão de criança. É perigoso, machuca [tira os objetos da mão das crianças.]

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO: - Mas nós estamos com fome.

INDIGENA: - Depois que saíram derrubando as árvores, já não encontramos animais para caçar.

NORDESTINA: - Os rios estão poluídos e não tem mais peixes. Veja [mostra o rio com sujeira.]

AFRO: - Somos obrigados a sair de nossas terras e onde iremos plantar agora?

COELHITO: - Eu sei que a situação está séria, trágica mesmo, mas se vocês matarem o Coelhinho da Páscoa, aí sim é que tudo se acaba.

INDIGENA: - E quem é essa tal de Páscoa?

COELHITO: - Páscoa quer dizer passagem. Passagem da morte para a vida. Vocês já ouviram falar de Jesus?

NORDESTINA: - Teve uma Irmã que viveu aqui sabe, ela ensinava a gente a rezar, mas mataram ela.

COELHITO: - É, eu fiquei sabendo...

AFRO: - Acredita que mataram só porque ela não concordava com essas pessoas que estão tomando tudo o que é nosso?

NORDESTINA: - Igual ao Chico Mendes que começou a defender os seringueiros.

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO: - Mataram também!

INDIGENA: - Por isso mesmo que nosso povo falava pra ela: Irmã Doroti, você pode acabar morrendo. Ela respondia: Jesus também morreu por nós. Eu não vou desistir de lutar para acabar com a injustiça.

COELHITO: - Foi isso mesmo, Jesus morreu crucificado por nós. Ele foi pregado numa cruz e depois de morto, o colocaram em um túmulo, aberto no rochedo.

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO [tristes]: - Coitadinho... Ele só queria o nosso bem...

COELHITO [animado]: - É, mas ele não ficou na morte não. Ele ressuscitou.

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO: - Ressuscitou?

COELHITO: - Sim, quer dizer que ele tornou a viver.

NORDESTINA: - Entendi, passou da morte para a vida.

COELHITO: - Isso é Páscoa!

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO: - Páscoa - Passagem! Entendi!

AFRO: - Então, essa passagem é como a semente que enterramos no chão. Parece que está morta, sem vida, mas depois nasce uma bela planta, cresce, dá frutos.

COELHITO: - Bela explicação. Nesse dia de Páscoa, nós, os coelhinhos, representamos todos aqueles que acreditam em Jesus e que levam a sua palavra para outras pessoas. Jesus quer que a sua palavra se multiplique.

INDIGENA [rindo]: - Entendi, os homens escolheram o coelho porque vocês têm um montão de filhotes, né?

COELHITO: - Minha mãe e meu pai tiveram 15 e eu quando crescer quero ter 20...

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO: - Puxa! Haja coelho!

COELHITO: - Precisamos ser em muitos para levar o Ovo de Páscoa pra todo mundo.

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO: - Ovo de Páscoa?

COELHITO: - Sim. Tá certo que os homens ganham muito dinheiro fabricando ovos de chocolate, mas estou aqui para falar do significado de se dar um ovo. Todo ovo de uma ave tem um filhotinho dentro, não é? Então, inventaram essa história de ovo de chocolate para mostrar que o ovo carrega uma vida nova que está para nascer.

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO: - Tem ovo de chocolate pra nós também?

COELHITO: - Lógico que tem! Eu estou aqui porque neste ano todo Brasil está olhando e orando por vocês. Minha missão é trazer a esperança de um novo começo. Vejam as mensagens que eu trouxe [mostra alguns bilhetinhos].

[Coelhito coloca o microfone na boca de 3 crianças da plateia, que foram previamente comunicadas, enquanto a indígena, a nordestina e afro fingem que estão lendo os bilhetes.]

1 - Vocês não estão sozinhos nesta luta para salvar a Amazônia!

2 - Estamos aprendendo a conhecer vocês para poder ajudá-los.

3 - A oração e a doação fazem parte da nossa Campanha.

INDIGENA: - Nossa! Quanta coisa estão fazendo pela gente. Estou mais animada. Vou continuar, não vou desanimar...

NORDESTINA e AFRO: - Eu também!

INDIGENA, NORDESTINA e AFRO: - Acreditamos nesse amor. Acreditamos nessa Campanha!

COELHITO: - Páscoa é o nosso coração em festa! Jesus convida nossa vida a ter mais vida, com a vida que Ele dá.

[Enquanto o Coelhito fala, todos que saíram de cena retornarão.]

TODOS: - Feliz Páscoa!