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A bondade gera a felicidade

Atualizado: 15 de out. de 2020

Mt 5,1-12a

Autora: Cecília Pellegrini


Era uma vez na floresta duas irmãs, a Cachorrina e a Cachorrilda, que estavam carregando um tronco pesadíssimo a mando do terrível Lobo Mau. Quase desfalecida, Cachorrina para de trabalhar e cai de tão cansada.

Cachorrilda disse: - Não pare, irmãzinha!

Mas Cachorrina explicou: - Não aguento mais...

A irmã continuou a insistir: - Por favor, não pare, Cachorrina. O Lobo Mau nos machucará.

- Eu estou muito cansada, não agüento mais de tanto trabalhar. Justificou Cachorrina.

Então, a Cachorrilda teve uma ideia: - Fique aqui sentadinha que eu darei um jeito.

Tentou levantar o tronco, mas não conseguiu, até que o Lobo Mau chegou, todo garboso, bem vestido, com joias, mas com um chicote na pata direita e trazendo três animais presos em correntes.

O tempo todo ele cantava: - “Eu sou o Lobo Mau, lobo mau, lobo mau... eu pego os animais pra fazer mingau.” Vamos, seus molengas!

Quando ele viu a Cachorrina sentada fica furioso: - Mas o que é isso?

Depois fez um som terrível de braveza e falou: - Hurrrrr. Posso saber o que essa insignificante está fazendo em pleno expediente?

A Cachorrilda foi logo explicando: - Ela está muito fraca, não come há dias e estamos trabalhando dia e noite, noite e dia.

- Levante-se rápido e volte já para o trabalho. Ordenou o terrível Lobo.

Com toda a sua coragem Cachorrilda falou: - Não é justo, Lobo Mau, você quer mandar em tudo e em todos, fica escravizando todos os animais. Só porque é feroz pensa que pode tudo? Isso não é justo, não é justo!

Cachorrina falou no ouvido da irmã: - Você está louca Cachorrilda?

Depois de fazer aquele som ensurdecedor, o Lobo deu uma gargalhada e depois bradou: - Hurrrrr... essa é boa. Vejam só, uma cachorrinha querendo dar lição de moral para um Lobo Mau. Só mesmo nas historinhas desse lugar... Reduza-se à sua insignificância. Até um cabritinho é maior que você, sua coisinha... Vocês são ricas?

As Cachorrinhas responderam: - Não.

E o Lobo continua o interrogatório: - São ferozes como eu? Hurrrrr

Elas responderam: - Não.

Ele faz mais pergunta: - São inteligentes como eu?

Elas responderam: - Não.

O Lobo concluiu: - Então está explicado: os poderosos mandam, os pobretões obedecem. Os fortes batem, os fracotes apanham. E é pra já.

E dando chicotadas bradou: - Andem, levem esse tronco para os outros animais construírem o meu palacete assobradado. Vamos, vamos. Eu vou prender esses animais e ver se os cabritos encontraram o cipó e quando eu voltar eu quero esse tronco na construção, entenderam bem? Hurrrrr

As duas obedeceram: - Sim, sim Lobo Mau.

O Lobo foi embora com os animais acorrentados e as cachorras voltaram ao trabalho.

Estavam elas tentando levantar o pesado tronco quando chegou um Elefante que, enquanto levantava o tronco com uma pata só, disse: - Oi senhoritas, tudo bem?

Cachorrina, apreensiva: - Obrigada pela ajuda, mas não convém você nos ajudar.

O Elefante retrucou: - Em primeiro lugar muito prazer, sou Elefantino. Em segundo lugar eu merecia um obrigado, não acham?

Cachorrilda foi logo se desculpando: - Desculpe-nos Elefantino: eu sou a Cachorrilda e esta é a minha irmã Cachorrina. Nós somos escravas do Lobo Mau e se ele nos pega de conversê na hora do serviço... não quero nem pensar.

Elefantino ficou abismado com tamanha revelação: - O quê? A escravidão já acabou, sabiam? Quem esse Lobo pensa que é para tratar duas donzelas desse jeito?

O Lobo Mau ouviu a conversa e falou muito bravo: - Esse Lobo não pensa que é, ele sempre foi... mau, o Lobo Mau. Hurrrrr Vai encarar?

- Como assim encarar? Não entendi. Perguntou o Elefante.

- A gordura atingiu o cérebro também? Eu sou feroz, mau, violento, mando no pedaço, nos bichos insignificantes dessa região. Respondeu o malvado.

As cachorras tentaram alertar o Elefantino: - Ele é muito bravo!

E ele respondeu: - Pois se eu quisesse também poderia lutar com você.

- Então vem, vem. Falou o Lobo mostrando as afiadas garras.

Mas o Elefante, educadamente: - Calma, seu Lobo, eu não costumo resolver as coisas com violência.

- Mas é um frouxo mesmo. Tá com medo? Questionou o Malvadão.

Elefantino respondeu: - Não, nem um pouco seu Lobo Mau, eu estou com pena.

Cachorrina cochicha com a irmã: - Ora, ora esse Elefantino é uma galinha?

- Claro que não! Respondeu Cachorrilda.

E Cachorrina continuou: - Mas ele disse que está com pena. Quem tem pena é a galinha...

Cachorrilda explicou e só não riu porque estava muito apreensiva com a presença do Lobo: - Com pena quer dizer que ele está com dó. Este Elefantino vai surpreender.

- Ele vai é levar um “supapo” do Lobo, isso sim. Pressentiu Cachorrina.

O Lobo continuou a esbravejar: - Não estou gostando nada do rumo dessa prosa. Eu sou o mau da história e assim sempre será. E mostrou as dez garras.

Elefantino então tentou aconselhar: - O que adianta só conseguir as coisas explorando, batendo, mentindo, enganando? Se você mudasse, poderia ter a ajuda de todos, teria amigos, participaria das rodas de conversas e das festas.

Mais confiante, Cachorrina ajudou: - E olha que antes de você chegar por aqui e tirar a nossa alegria fazíamos cada festa...

E Cachorrilda continuou: - Sempre conseguíamos tudo. Cada bicho tinha seu cantinho para descansar, as comidas eram fartas. Não existia bicho triste, com fome, sozinho. Tudo era dividido em partes iguais.

Elefantino concluiu: - Viu? Em vez de fazer parte dessa vida feliz você trouxe a violência, a maldade...

E Cachorrilda fez o Lobo se lembrar de algo importante: - Seu Lobo, se você pesquisar verá que os cachorros e os lobos têm muita coisa em comum.

Mas Cachorrina cochichou com a irmã: - Fale por você, eu não sou feia assim não!

E Cachorrilda seguiu o pleito: - Nós queremos apenas viver em paz, sem ter medo, sem brigas.

- Mas aí eu não terei tudo o que tenho hoje! Afirmou o Lobo.

Elefantino o fez refletir: - O que adianta ter tudo a custas do sofrimento do outro?

- E que sofrimento... lembraram as cachorrinhas.

Por fim o Elefante fez um convite: - Porque você não tenta ser um animal diferente? Já pensou em ter amigos? Pessoas para te ajudar se ficar doente? A recompensa pela bondade é imensa!

E o Lobo interessado quis saber: - A recompensa pela bondade é maior que pela maldade?

Todos responderam: - Mil vezes maior!

O Lobo concluiu: - Mas, então, parece que ser bom é o caminho para o sucesso.

- E para a felicidade! Completou Elefantino.

Muito reflexivo o Lobo foi saindo: - É... vou pensar direitinho nisso tudo, quanta coisa num só dia.

De repente, para de andar e comunica sua decisão: - Vou agora mesmo soltar todos os animaizinhos que prendi.

Num único salto ele retornou até os animais para perguntar: - Se eu me esforçar para ser bom, vocês perdoarão por todo mal que eu já fiz?

E todos responderam: - Mas é claro!

- Estou até com vergonha em ter sido tão mau. Disse o Lobo, todo constrangido e saiu bem quietinho.

Cachorrina aliviada disse: - Ele saiu mansinho, mansinho. Ele quer mudar, vocês viram?

E sua irmã constatou uma linda lição: - Você Elefantino, com esse jeitinho manso, justo, teve misericórdia do Lobo e promoveu a paz! Aprendemos muito contigo.

Elefantino lembrou algo muito importante: - O mal perde a força quando encontra o bem e o nosso coração precisa perdoar e ajudar sempre. Lembrem-se: a bondade gera a felicidade.

E as cachorrinhas concordaram dizendo: - Muita felicidade!

A partir daquele dia todos os animais da floresta viveram unidos e em paz.

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